A destruição na Ucrânia não dá sinais de abrandar, mas as sanções à Rússia também não — e a nação de Putin está cada vez mais isolada da economia internacional. Esta terça-feira, 1 de março, a lista de empresas que se negam a comercializar produtos em território russo voltou a aumentar, depois de a empresa norte-americana Apple marcar uma posição face ao conflito.

As novas medidas impostas pela Apple visam não só condenar a ofensiva da Rússia, mas também garantir a segurança dos ucranianos. Neste caso, através de, entre outras, alterações à aplicação Apple Maps.

Guerra na Ucrânia. Tentativa de assassinato de Zelensky evitada por serviços secretos
Guerra na Ucrânia. Tentativa de assassinato de Zelensky evitada por serviços secretos
Ver artigo

"Estamos profundamente preocupados com a invasão russa à Ucrânia e estamos do lado de todas as pessoas que estão a sofrer com esta violência", lê-se num comunicado da Apple divulgado pela Reuters, cita a CNN Portugal.

E já há mesmo medidas em marcha: a empresa tecnológica já limitou o acesso ao sistema de pagamento Apple Pay e bloqueou os downloads na App Store da Russia Today (RT), média estatal russa, e da agência Sputnik, avança a mesma publicação.

As repercussões das sanções à Rússia são transversais a diversas áreas e já se começam a fazer sentir. Eis a lista de empresas que já fizeram questão de se desvincular da Rússia.

Netflix, Disney, Warner Bros

Antes da invasão russa à Ucrânia, já estaria em marcha uma nova legislação, prevista para entrar em vigor esta terça-feira, 1, que exigia que a Netflix e outros serviços audiovisuais transmitissem conteúdos de meios de comunicação social associados ao Kremlin, tais como o Canal Um, a rede de entretenimento NTV e o Canal da Igreja Ortodoxa. No entanto, a plataforma de streaming já confirmou esta segunda-feira, 28 de fevereiro, que não vai cumprir a nova lei audiovisual da Rússia.

Rússia afastada do Festival Eurovisão da Canção. Organização diz que traria "descrédito"
Rússia afastada do Festival Eurovisão da Canção. Organização diz que traria "descrédito"
Ver artigo

No mesmo dia, 28, a Disney anunciou também que, até informação em contrário, não vai lançar novos filmes na Rússia devido à invasão da Ucrânia. "Dada a invasão não provocada da Ucrânia e a trágica crise humanitária, faremos uma pausa no lançamento dos nossos filmes na Rússia", informou, em comunicado, citado pelo "Público".

E a Warner Bros. não tardou a seguir o exemplo e anunciou também que vai cancelar a estreia russa de "The Batman", marcada para sexta-feira, 4 de março. Sem, no entanto, anunciar, até à data de publicação deste artigo, avançar com mais sanções.

Google, Youtube, Twitter e Universo Meta

À semelhança do que a Apple confirmou esta terça-feira, 1, também a Google já tomou uma posição face ao conflito. A Alphabet, proprietária da Google, já retirou media estatais russos, como a Russia Today (RT), da plataforma de notícias, Google News, e do Youtube e suspendeu todos os pagamentos a empresas que operam com Google Ads a partir da Rússia. O objetivo? Bloquear qualquer forma de lucro russo a partir do espaço digital da Google.

Também o YouTube anunciou esta terça-feira, 1, o bloqueio dos canais russos RT e Sputnik em toda a Europa. "Estamos a bloquear os canais RT e Sputnik do YouTube em toda a Europa, com efeito imediato", avança a plataforma, com a ressalva de que os seus sistemas "necessitam de algum tempo até ficarem completamente operacionais" e garantindo que as suas equipas estão a trabalhar "24 horas por dia para atuar o mais rapidamente possível". A confirmação foi dada pela própria plataforma, através de um email enviado à agência France Presse (AFP), citado pelo "Jornal de Negócios".

E o grupo Meta não só não ficou indiferente como foi das primeiras empresas tecnológicas a opor-se à posição russa. Com plataformas digitais como o Facebook e a Instagram sob a sua alçada, o grupo Meta já anunciou que irá restringir o acesso nas redes sociais ao canal RT e à agência Sputnik, meios de comunicação social controlados pelo Governo russo, a pedido da União Europeia.

"Estamos agora a tornar globalmente secundários conteúdos das páginas do Facebook e contas de Instagram de meios de comunicação estatais russos, tornando-os mais difíceis de encontrar através das nossas plataformas", lê-se ainda num comunicado oficial do grupo Meta.

A remar no mesmo sentido está também o Twitter, outra rede social norte-americana, que também anunciou na segunda-feira, 28, que vai acrescentar um aviso às ligações de partilha de mensagens e notícias dos meios de comunicação social controlados pelo Kremlin e, desta forma, tentar reduzir a circulação na plataforma.

Multinacionais de petróleo

A manhã desta quarta-feira, 2, arrancou com mais uma petrolífera internacional a cortar quaisquer vínculos com a Rússia. Desta vez, foi a petrolífera norte-americana ExxonMobil que anunciou que vai sair do último grande projeto na Rússia e deixar de investir no país. Mas não é a única. 

A petrolífera britânica BP já confirmou, no passado domingo, 27 de fevereiro, que vai mesmo desfazer-se da sua participação de 19,75% na petrolífera russa Rosneft, não sendo para já claro o procedimento através do qual irá abandonar a sua posição na empresa, avança o "Expresso". A decisão foi anunciada pela petrolífera britânica em comunicado, mas o governo britânico não tardou a manifestar publicamente o apoio da decisão.

Neste caso, através da rede social Twitter. "A invasão da Rússia sem provocação prévia da Ucrânia deve ser uma chamada de atenção para as empresas britânicas com interesses comerciais na Rússia de Putin", lê-se.

E à semelhança da BP, um dia depois, a 28, também a Shell decidiu tomar uma decisão e posicionar-se no lado da Ucrânia e pôr fim a todas as parcerias com empresas russas. O CEO da Shell, Ben van Beurden, condenou a invasão da Ucrânia, classificando mesmo a ação como "um acto insensível de agressão militar", avança o "Jornal de Notícias".

Já a petrolífera italiana Eni anunciou também que vai avançar com a venda da sua participação conjunta de 50%, em partes iguais com a russa Gazprom, no gasoduto Blue Stream, que liga a Rússia à Turquia, avança a TSF.

"No que diz respeito à participação conjunta e igualitária com a Gazprom no gasoduto Blue Stream (que liga a Rússia à Turquia), a Eni pretende prosseguir com a venda da sua participação", disse um porta-voz da empresa à imprensa italiana, que faz questão de frisar que "a presença atual da Eni na Rússia é marginal".

No desporto, a Adidas já se posicionou a favor da Ucrânia

No universo desportivo, também a Adidas suspendeu a parceria que mantinha com a Federação Russa de Futebol (RFS), na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia, informou esta terça-feira, 1, um porta-voz da empresa de equipamentos desportivos alemã, em declarações à AFP, cita a TSF.

"A Adidas está a suspender a parceira com a Federação Russa de Futebol com efeitos imediatos", lê-se.

Recorde-se de que a decisão surge um dia depois de a UEFA e o clube germânico Schalke 04 terem ainda anunciado a rescisão dos contratos de patrocínio com a Gazprom, empresa estatal russa de produção e distribuição de energia.

Indústria automóvel

Na indústria automóvel, a Volvo e a Volkswagen anunciaram a suspensão de entregas na Rússia, com a justificação de que a parceria personificava agora riscos comerciais para a empresa. 

Neste sentido, também os fabricantes de pesados AB Volvo e Daimler Truck decidiram congelar as vendas no país e a General Motors confirmou a interrupção do envio de viaturas, com a justificação de que a medida teve por base "factores externos", como problemas logísticos.

Por fim, também os líderes mundiais do transporte de contentores por mar, MSC e Maersk, reduziram o transporte de carga aos bens essenciais.