Na noite desta sexta-feira, 8 de setembro, Marrocos registou um sismo de magnitude 6,8 na escala de Richter e, de acordo com relatos nas redes sociais, o abalo foi sentido em países como Portugal, Espanha, Mali ou Argélia, avança o "Expresso".

O sismo, que ocorreu pelas 23h11, foi registado nas estações da Rede Sísmica Nacional, tendo um segundo abalo (de 4,9), cerca de 20 minutos depois, sido registado a nordeste de Taroudant (200 quilómetros a sul de Marraquexe). Segundo os meios de comunicação marroquinos, esta ocorrência fez com que muita gente saísse para as ruas da capital, Rabat, bem como de Marraquexe, Casablanca e Agadir.

O episódio foi descrito pelos habitantes destas localidades, que pensavam estar a experienciar um bombardeamento, devido à forte intensidade dos abalos, segundo a mesma publicação.

1. Magnitude, epicentro e localidades afetadas em Portugal

O sismo registou uma magnitude de 6,8 na escala de Richter. Isto significa que se trata de um abalo forte, uma vez que esta escala os classifica como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), fortes (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).

O epicentro localizou-se a mais de 60 quilómetros a sudoeste de Marraquexe, na localidade de Ighil, e ocorreu a uma profundidade de oito quilómetros, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que regista a atividade sísmica em todo o mundo.

Ainda que fique noutro continente, Marrocos não está assim tão distante de Portugal. E a verdade é que o terramoto foi sentido em várias localidades do País, segundo confirmou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), ainda que não haja registo de quaisquer danos.

De acordo com o instituto, citado pelo "Expresso", o sismo "foi sentido com intensidade máxima III/IV (escala de Mercalli modificada) nos concelhos de Castro Marim, Faro, Loulé, Portimão, Vila Real de Santo António (Faro), Cascais, Lisboa, Torres Vedras, Vila Franca de Xira (Lisboa), Almada, Setúbal e Sines (Setúbal)".

Ainda que com menos intensidade, os concelhos de Coimbra, Albufeira, Olhão, Silves (Faro), Alenquer, Loures, Mafra, Oeiras, Sintra, Amadora, Odivelas (Lisboa), Santo Tirso, Vila Nova de Gaia (Porto), Santiago do Cacém, Seixal e Sesimbra (Setúbal) também terão sentido a terra a tremer.

2. Os números da tragédia

O primeiro balanço das autoridades marroquinas dizia que haviam sido registadas, pelo menos, 600 mortes. Contudo, os dados, que foram atualizados na manhã deste sábado, 9 de setembro, são ainda menos felizes: foram registadas 820 mortes e há pelo menos 672 feridos, que foram hospitalizados no centro do país, de acordo com o "Diário de Notícias".

A província na qual, até ao momento, houve mais vítimas é Al Haouz, a sul de Marraquexe e próxima do epicentro, com 394 mortos, segundo o balanço até às 10 horas locais (mesma hora em Lisboa), citado pela agência espanhola EFE. Segue-se Taroudant (271 mortos), Chichaoua (91), Ouarzazate (31), Marraquexe (13), Azilal (11), Agadir (5), Casablanca (3) e Al Youssufia (1), avança a mesma publicação.

Testemunhas descrevem grandes danos materiais, com casas que, agora, nada mais são do que ruínas e escombros, um cenário que se manifesta de Rabat a Marraquexe. Entre os destroços estão os muros vermelhos da cidade velha de Marraquexe, Património Mundial da UNESCO, avança a "Euronews", e pedaços de uma mesquita, que caíram em cima de carros.

3. Operações de socorro e ajuda portuguesa

As operações de busca, socorro e resgate estão em curso pelas regiões afetadas. A cidade de Marraquexe é o maior foco das preocupações das autoridades, uma vez que é a mais povoada das regiões afetadas, como explica o "Notícias ao Minuto".

Aos receios com a população junta-se o facto de ser nesta cidade que se encontram vários locais reconhecidos pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade. Isto significa que, em muitos casos, as estruturas dos edifícios já se encontram muito deterioradas e em risco de colapso.

No sentido de ajudar o país, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, informou as autoridades de proteção civil de Marrocos da sua "total disponibilidade" para mobilizar uma equipa de busca e salvamento, segundo a "Lusa". Além disso, no X (o antigo Twitter), o primeiro-ministro, António Costa, aproveitou para corroborar este posicionamento.

"Apresentamos as nossas condolências a sua majestade o rei, às famílias vitimadas e a todo o povo marroquino, nosso vizinho", escreveu António Costa na rede social – mas não foi o único. Também o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, recorreu à mesma rede social para lamentar a "terrível notícia" (e as "perdas humanas irreparáveis) do terramoto em Marrocos, manifestando "toda a solidariedade" com o "país amigo e vizinho".

Já o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, transmitiu "sentidas condolências e solidariedade" ao rei de Marrocos, Mohammed VI, segundo uma nota publicada no site oficial da Presidência da República. O chefe de Estado português aproveitou para expressar ao de Marrocos "a solidariedade do povo português num momento tão difícil para as populações das regiões mais afetadas por esta catástrofe natural".