Depois de "Parasitas" ter vencido o Óscar de Melhor Filme, atribuído pela Academia de Hollywood, sabe-se agora que o sucesso do filme terá influenciado o governo sul-coreano a tomar medidas para melhorar as condições de famílias com baixos rendimentos que vivam em caves semelhantes à da família do filme de Bong Joon-ho.

Segundo a revista digital "IndieWire", que cita o jornal sul-coreano "The Korea Herald", o governo vai apoiar financeiramente mais de 1,500 famílias que vivam em apartamentos com caves.

Para isso, foi estabelecida uma parceria nacional entre o governo e a Fundação da Energia da Coreia para oferecer "até 3.2 milhões de won [cerca de dois milhões de euros] por família para melhorar os sistemas de aquecimento, substituir pisos e ainda proceder à instalação de ar condicionado, desumidificadores, ventiladores, janelas e alarmes de incêndio."

Segundo o "The Korea Herald", cerca de 78% das famílias que vivem em apartamentos com caves semi-subterrâneas são das menos favorecidas da população.

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O jornal avança ainda que os proprietários de apartamentos com estas características, semelhantes à cave do filme de "Parasitas", e que ganhem menos de 60% do ordenado médio do país, vão poder apresentar as suas candidaturas ao governo para que possam ser considerados elegíveis para fazer parte do novo plano.

A ideia é que, com o arranque da medida imposta pelo governo, o número de beneficiários do plano de renovação vá sendo expandido de ano para ano — numa altura em que, desde 2015, se registaram mais de 383 mil apartamentos com caves semi-subterrâneas em toda a Coreia do Sul.

Apesar do filme de Bong Joon-ho estar repleto de momentos alucinantes, divertidos, dramáticos e completamente chocantes, a verdade é que "Parasitas" serviu também para consciencializar para a dura realidade que se vive em algumas regiões da Coreia do Sul.

É que a forma como os protagonistas do filme vivem é, na verdade, o espelho da realidade dos muitos que vivem em caves com pouco espaço e sem arejamento.

A explicação é simples: esta é uma escolha mais em conta para quem quer viver no centro urbano de Seul, uma das cidades mais caras da Ásia. Ainda assim, uma casa destas custa entre 194 a 462 euros por mês — a esse valor acresce ainda a caução, que tende a ser muito elevada.