Apesar de Joe Biden estar à frente nos resultados eleitorais com 253 votos, de acordo com os dados da BBC no momento da publicação deste artigo, dos 270 que são necessários no Colégio Eleitoral para garantir entrada na Casa Branca, Donald Trump vai continuar a ter plenos poderes até à posse do sucessor, a 20 de janeiro de 2021.

Isto deve-se ao facto de a Constituição dos Estados Unidos determinar que o mandato presidencial tem duração exata de quatro anos e uma vez que Donald Trump assumiu o cargo a 20 de janeiro de 2017, só a 20 de janeiro de 2021 é que abdicará dos poderes caso o adversário Joe Biden chegue mesmo a conseguir os 270 votos para vencer as eleições americanas.

Eleições EUA. Biden cada vez mais perto da vitória, Trump alega fraude e é corrigido pelos jornalistas
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"Ele tem exatamente todos os poderes que tinha, nada muda", explicou a cientista política luso-americana Daniela Melo, que leciona na Universidade de Boston, segundo a TVI24 que cita a agência Lusa.

Durante o período de transição, habitualmente os presidentes dos Estados Unidos são aquilo a que se chama "lame duck president", ou "presidente pato manco", por se tratar de uma temporada de impasse em que se espera que o presidente não faça nada de relevante. Contudo, no caso de Donald Trump, a expressão pode não ser literal na prática.

"Ele perde a legitimidade, de certa maneira, mas isso não quer dizer que perca os poderes. De um presidente como Trump podemos esperar que vá usar e abusar dos seus poderes ao máximo", alerta a cientista política luso-americana.

Donald Trump pode então continuar a fazer nomeações, despedimentos, perdões, ordens executivas, vetar ou assinar legislação preparada pelo congresso e tudo o que o cargo lhe confere — o que poderá ser um perigo, por exemplo, para Anthony Fauci, médico que está à frente da resposta da Casa Branca no que diz respeito à pandemia de COVID-19, uma vez que durante a campanha Donald Trump ameaçou despedi-lo.

Daniela Melo faz ainda outras projeções do que pode vir a acontecer. Uma das hipóteses é tentar proteger-se e conceder indultos a amigos e aliados e a outra é "tentar usar a sua posição como presidente para fazer acordos de última hora para se beneficiar financeiramente", diz e acrescenta que esses acordos podem mesmo envolver negociações com outros países.

A cientista política acredita que Trump não aceite o resultado e mantenha as disputas legais sobre as eleições "no mínimo até ao dia 14 de dezembro" — data em que o colégio eleitoral vota formalmente no próximo presidente. Contudo, o processo pode ainda passar pelo Supremo Tribunal e acabar no Congresso onde, segundo a Constituição, deverá ser escolhido um Presidente, que tem de tomar posse em 20 de janeiro.

Isto não só significa uma transição conturbada, como uma quebra no Ato de Transição Presidencial de 1963 que estabeleceu os parâmetros segundo os quais deve decorrer a pacífica transição de poder entre administrações, o que inclui acesso a informação altamente classificada.

Essa transição deveria decorrer no período de dois meses e meio desde que são conhecidos os resultados das eleições, em novembro, até à tomada de posse do novo ou renovado presidente, em janeiro, mas este ano, com a disputa levantada por Donald Trump, o processo de transição administrativa poderá ser fragmentado ou mesmo inexistente.

Por todas estas razões, o novo presidente dos EUA pode vir a ser conhecido apenas em janeiro, no dia da tomada de posse, a 20 de janeiro.

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