Uma professora de Estudos Afro-Americanos na Universidade de George Washington, nos EUA, admitiu ser uma mulher branca depois de, durante anos, se ter identificado com negra. A revelação foi feita através de uma publicação na plataforma Medium, na qual Jessica Krug, 38 anos, admitiu ter mentido durante vários anos, a colegas e amigos, sobre a sua origem.
Nessa publicação, que tem como título "A verdade e a violência das minhas mentiras anti-comunidade negra", Jessica Krug revela que é branca, judia, e que cresceu em Kansas City. "Durante a maior parte da minha vida adulta, cada movimento que fiz e cada relação que formei foi enraizada numa sucessão tóxica de mentiras", começa por explicar.
Esta professora doutorada, que se descreve como uma "sanguessuga da cultura" e uma "cobarde", recebeu apoio financeiro do Centro Shomburg para uma investigação sobre a cultura da comunidade negra, explica o jornal "The Guardian". Na sua publicação, diz que tentou por diversas vezes desfazer as mentiras em redor do seu background, mas nunca teve coragem.
"Ao longo de vários anos, pensei por diversas vezes acabar com estas mentiras. Mas a minha cobardia foi sempre mais poderosa do que a minha ética. Sei distinguir o que está certo do que está errado. Sei a História. Conheço bem a questão do poder. Sou uma cobarde; não há ignorância nem inocência. Não há nada nada a defender, porque há vários anos que ando errada em todos os sentidos", lê-se na sua confissão.
E continua: "Deviam cancelar-me de forma absoluta. Eu cancelar-me-ei de dessa forma. Construí a minha vida com base numa mentira violenta que afetou a comunidade negra e menti em cada respiração que soltava. Não vivi uma vida dupla. Vivi esta mentira, de forma plena, sem plano ou estratégia de saída. Construí apenas esta vida, uma vida na qual operei com um sentido radical de ética, e com raiva, enraizada no poder da comunidade negra — uma ideologia que qualquer pessoa deve apoiar, mas sobre a qual não tenho qualquer reivindicação possível."
Além de ser professora, Jessica Krug assinou vários ensaios e livros sobre a comunidade e a cultura negra. Depois da sua confissão, as editoras que trabalharam com ela no passado demarcaram-se das suas posições e começaram a apagar publicações nas redes sociais que promovessem o seu trabalho.
Já a Universidade de George Washington, nos Estados Unidos, diz estar a analisar o caso, escreve o tabloide britânico "Daily Mail".