Kristopher Hackett tinha apenas 33 anos quando, em 2021, sofreu uma série de paragens cardíacas que lhe provocaram danos cerebrais graves. O homem, desportista e em ótima forma física, estava a fazer uma chávena de já para a mãe quando este episódio aconteceu. Foi colocado em coma induzido, chegou a respirar com a ajuda de um ventilador e passou oito meses no University Hospital of North Tees, no Reino Unido, onde lidou com vários problemas de saúde, deste septicemia, pneumonia, COVID e um derrame pulmonar.
A mãe de Kristopher tem, nos últimos dois anos, enfrentando uma dura batalha contra a Decisão de Não Reanimar (DNR), que diz que foi instaurada sem o consentimento da família. June Hackett quer que, caso o filho entre em paragem cardiorrespiratória, lhe sejam ministrados procedimentos de reanimação embora, de acordo com o jornal "Evening Gazette", os médicos lhe tenham dito que uma recuperação será extremamente difícil.
A mulher afirma à mesma publicação que um médico anulou a Ordem de Não Reanimar, uma vez que Kristopher está estável, embora os médicos garantam que nunca vá voltar a abrir os olhos, caminhar ou falar. "Os médicos disseram que ele não iria sobreviver mais do que alguns dias. Mas ele tem tido uma evolução favorável desde o inicio do ano. Vira a cabeça, mexe os lábios e tenta falar, e agarra a minha mão. Estou muito feliz", disse June.
De acordo com um artigo assinado por António H. Carneiro, do Departamento de Medicina, UCI e Urgência do Hospital da Luz de Gaia, publicado pela Sociedade Portuguesa de Medicina interna, "a Decisão de Não Reanimar (DNR) é uma prescrição médica justificada em situações de fim de vida / morte iminente na qual se estabelece que, num doente bem identificado, não deve ser iniciada, nem tentada a reanimação cardiorrespiratória em caso de paragem cardiorrespiratória acontecida ou iminente."
A luta desta mãe, que não chegou aos tribunais, durou dois anos e envolveu o parecer de vários especialistas. "Se ele tivesse outra paragem cardíaca, o reanimassem e não resultasse, pelo menos saberíamos que lhe tinham dado uma última hipótese. Isso, enquanto família, significa muito para nós. Não queríamos que ele fosse deixado ali para morrer", disse Joan.
Desde o dia trágico em que quase morreu, Kristopher foi transferido para uma unidade de cuidados continuados. Recuperou bastante peso e, durante uma aula de musicoterapia, agarrou num instrumento e agitou-o. "Disseram-nos que ele nunca iria voltar a abrir os olhos mas isso aconteceu e ele está desesperado por falar. Ele lutou tanto durante dois anos, nós sabemos que ainda não chegou a hora dele. Ele é novo e devem dar-lhe uma hipótese", diz ainda a mãe de Kristopher.