De 1995 a 2023. Este foi o tempo que Lamar Johnson, um norte-americano atualmente com 50 anos, passou na prisão. Condenado pelo homicídio de Marcus Boyd, Johnson viu, esta terça-feira, 14 de fevereiro, a sua sentença revista e anulada.

Numa audiência num tribunal de St. Louis, no estado do Missouri, o juiz David Mason declarou Lamar Johnson inocente após análise das declarações de duas testemunhas, que deram "provas claras e convincentes" de que o homem não tinha sido um dos assassinos de Marcus Boyd.

Veja o momento da leitura da sentença

Visivelmente emocionado no momento da leitura da sentença, Johnson foi depois acarinhado e aplaudido pela sua equipa de advogados, familiares e apoiantes. "Isto é esmagador", disse, à saída da sala de audiências, de acordo com a BBC. Em declarações à St. Louis Public Radio, o homem disse que quer "tentar reconstruir" a sua vida. Explica ainda que estudar o sistema judicial, a fé e o exercício físico o fizeram, ao longo destas quase três décadas, continuar a lutar pela sua inocência. "Espero ser uma inspiração e que todos os que foram erradamente condenados continuem a lutar - a verdade encontra um caminho. Creio que há propósito na dor. Até certo ponto, tenho a obrigação de tentar ajudar os outros a ultrapassar o que estão a viver".

A reversão da sentença de Lamar Johnson é mais uma vitória para o Innocence Project, organização não-governamental norte-americana que tem por objetivo libertar da prisão pessoas que foram injustamente condenadas, ajudá-las a reconstruir as suas vidas e lutar por um sistema penal menos discriminatório.

O crime pelo qual Lamar Johnson foi inicialmente condenado aconteceu em outubro de 1994. Dois homens encapuzados mataram a tiro Marcus Boyd no alpendre da casa de Lamar. O homem afirmou em tribunal, por diversas vezes, que não estava em casa quando o crime aconteceu. No entanto, o procurador do Ministério Público do primeiro julgamento insistiu na culpabilidade de Johnson, relativizando o depoimento de uma testemunha, recuperada agora, três décadas depois. Fulcral para a declaração de não culpabilidade foi também o facto de um presidiário assumir ter matado Boyd juntamente com outro suspeito, Phil Campbell. Este último declarou-se culpado em 1995, tendo sido sentenciado a uma pena reduzida de sete anos prisão.