Depois de sete meses de julgamento, Niels Hoegel, 42 anos, foi condenado esta quinta-feira, 6 de junho, a prisão perpétua pela morte de 85 pacientes de dois hospitais do norte da Alemanha. A polícia alemã acredita que o número real de homicídios chegue aos 200. O homem foi considerado o maior serial killer alemão do pós-guerra.
Os homicídios, que ocorreram entre 2000 e 2005, foram cometidos todos da mesma forma. Hoegel escolhia pacientes em estado frágil e administrava-lhes um fármaco que induzia uma paragem cardiorrespiratória, para depois intervir, tentando reanimá-los e poder brilhar. Ao tribunal, Hoegel admitiu que ficava "eufórico" sempre que conseguia reanimar uma das suas vítimas, e devastado sempre que estas morriam.
Um antigo colega, em declarações ao jornal "Bild", citado pela "BBC", contou que este se gabava da sua perícia na reanimação cardiorrespiratória, avançando ainda que o ex-enfermeiro “tentava sempre afastar todos” os que tentassem intervir — atitude que lhe valeu a alcunha “Rambo da Ressuscitação.”
“Os seus crimes são impossíveis de entender. A mente humana luta para absorver a escola destes crimes”, disse o juiz Sebastian Buehermann, do tribunal distrital de Oldenburg. Hoegel, que vem de uma família de enfermeiros, trabalhou em dois hospitais: um em Oldenburg, entre 1999 e 2002, e outro em Delmenhorst, entre 2003 e 2005.
O homem foi acusado de ter cometido 100 homicídios, no decorrer daqueles cinco anos. Admitiu 43 mortes, negando cinco e afirmando não se lembrar das outras 52. O ex-enfermeiro foi ilibado de 15 assassinatos por falta de provas, adiantou um porta-voz do tribunal. Apesar de haver suspeitas de que o número de crimes seja muito superior aos 85 por que foi condenado, não há provas que sustentem as restantes — vários corpos foram já cremados.
As autoridades que investigaram as mortes exumaram e examinaram 134 cadáveres de cemitérios (não só na Alemanha, mas também na Polónia e Turquia), depois de os investigadores terem avançado que o ex-enfermeiro também tinha morto doentes ao cuidado do hospital em que trabalhou primeiro, em Oldenburg.
Em 2005, Niels Hoegel foi detido e em 2008 condenado a sete anos e meio de prisão por tentativa de homicídio. Esta pena surgiu na sequência de um então colega de trabalho o ter visto a dar uma injeção não prescrita a um paciente (que sobreviveu), pela altura em que trabalhava em Delmenhorst. Seguiram-se, depois desta, mais seis condenações. Desde o início que havia suspeitas de que o número de vítimas seria muito superior — estimando-se agora que possa atingir as 200 mortes.
O juiz Buehrmann, que criticou os funcionários dos hospitais (que admitiram suspeitar do comportamento do colega), abriu uma exceção neste caso e excluiu a possibilidade prevista na legislação alemã, que permite que os condenados solicitem a liberdade condicional depois de cumprirem os 15 anos de prisão.