A ativista do clima Greta Thunberg ficou conhecida por protestar em frente ao parlamento sueco, em Estocolmo. A sua vontade de salvar (literalmente) o planeta motivou milhares de estudantes em todo o mundo, que se juntaram ao movimento "Fridays For Future" para sensibilizar os políticos no combate às alterações climáticas. Mas este não é o único poder da jovem de 16 anos: "Tenho síndrome de Asperger e isso significa que às vezes sou um pouco diferente do que é normal. E — dadas as circunstâncias — ser diferente é um superpoder", escreveu a jovem este sábado, 31 de agosto, no Instagram.

A Síndrome de Asperger é uma perturbação que integra o grupo de doenças dentro do espetro do autismo e afeta a comunicação com os outros e, consequentemente, o estabelecimento de relacionamentos sociais. Outra das características desta síndrome é o desenvolvimento de um forte interesse em assuntos específicos.

De acordo com o hospital CUF, esta perturbação afeta 20 a 25 crianças por cada 10 mil e estima-se que em Portugal haja cerca de 40 mil portadores.

Foi a primeira vez que Greta falou abertamente sobre a doença que lhe foi diagnosticada aos 12 anos. A descrição é uma resposta aos críticos que usaram a aparência e as diferenças para criticar a adolescente. "Isso significa que eles não têm mais nenhum caminho por onde ir. Então, sabes que estás a ganhar".

A ativista explica na mesma publicação que não fala da doença, não porque a queira esconder, mas porque as "pessoas ignorantes" continuam ver a síndrome de Asperger como uma deficiência ou algo negativo. Greta acaba até por confessar: "Acreditem em mim, o meu diagnóstico já me limitou anteriormente. Antes de começar a greve da escola, eu não tinha energia, não tinha amigos e não falava com ninguém. Apenas sentava-me sozinha em casa, com um distúrbio alimentar".

Mas tudo isso acabou por mudar, e prova disso é o percurso de Greta, que a levou recentemente até Nova Iorque, numa viagem de 15 dias a bordo de um veleiro de corrida sustentável, para estar presente na cimeira sobre o clima das Nações Unidas, marcada para 23 de setembro, na sede da ONU em Nova Iorque, EUA. A ativista chegou à cidade norte-americana a 28 de agosto, e passados dois dias fez esta publicação no Instagram e no Twitter.

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Tudo o que podia condicionar a vida de Greta, acabou por passar com o objetivo de lutar por um mundo melhor, como a mesma descreve: "Descobri um significado, num mundo que às vezes parece sem sentido para muitas pessoas", conclui a ativista na descrição da publicação. Para dar força à publicação e fazer uso do seu "superpoder", Greta terminou com a hashtag #aspiepower (poder de Asperger, em tradução livre).

Apesar de alguns comentários negativos de alguns utilizadores — como "estas palavras não são de uma rapariga de 16 anos com síndrome de Asperger. São palavras de uma agência de publicidade profissional" —, várias pessoas, sensibilizadas com a descrição de Greta, apoiaram a jovem sueca. Jordin Sparks Thomas, cantora norte-americana, comentou "És incrível" e o chef de cozinha colombiano Juan Manuel Barrientos escreveu: "És mais do que um humano! És uma força da humanidade".