Em meados de 2001, Ashley Ellerin, 22 anos, estudava e era aspirante a modelo quando conheceu Ashton Kutcher. Quando, na noite de 21 de fevereiro, o ator passou pela casa da amiga para a levar à festa de celebração da 43.ª edição dos Grammys, não havia sinal de Ellerin. Ao espreitar pela janela, o que viu foi o chão manchado de vermelho, que pensou ser vinho tinto. No entanto, viria a saber-se horas mais tarde que era sangue. A jovem tinha sido violentamente assassinada com mais de 47 facadas.

Ashley Ellerin não o sabia mas era só mais uma das vítimas de Michael Gargiulo, que ficou conhecido pelo nome Hollywood Ripper depois de assassinar mulheres pelos vários estados dos Estados Unidos.

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Gargiulo permaneceu longe do alcance das autoridades até 2008, altura em que foi preso depois de ter atacado uma mulher que se conseguiu libertar, fugir e denunciar a tentativa à polícia. O seu ADN correspondia aos vestígios encontrados em locais de crimes anteriores e foi preso.

O julgamento começou esta quinta-feira, 2 de maio, e suspeita-se que Gargiulo tenha assassinado até dez mulheres entre 1993 e 2008.

Sabe-se agora que durante os 11 anos que esteve preso a aguardar julgamento, o serial killer foi posto numa cela com dois outros reclusos que eram, na verdade, detetives. O objetivo? Levá-lo a confessar. Mas isso nunca aconteceu, nem mesmo durante as sessões de interrogatório contínuo que chegavam a durar 42 horas.

"Os interrogatórios duravam 42 horas e posso garantir que o senhor Gargiulo nunca confessou ter assassinado todas aquelas mulheres que a polícia diz que ele assassinou", ouviu-se em tribunal pela voz de Dan Nardoni, o advogado responsável pela defesa.

O alegado assassino terá durante muitos anos vivido uma vida dupla. Embora fosse considerado um pai presente e um marido fiel e atento, a acusação pintou um cenário mais negro e revelou que este homem estava, na verdade, "sempre atento à mínima oportunidade que lhe permitisse atacar e matar mulheres e permanecer indetetável durante 15 anos."

Daniel Akemon, responsável pela acusação, acredita que o modus operandi do assassino passava por infiltrar-se no grupo de amigos das suas vítimas, já que era isso que lhe permitia conhecer as suas rotinas e os seus hábitos. Depois, perseguia-as e esfaqueava-as variadíssimas vezes por prazer.

No primeiro dia do julgamento, Gargiulo permaneceu impávido e sereno enquanto ouvia todas as acusações lançadas pelo procurador da justiça às quais se declarou inocente.

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Embora Ashton Kutcher tenha evitado comentar o caso, a "CBS" escreve que o ator pode ser chamado a testemunhar contra Michael Gargiulo durante todo o processo — já que foi o último, além do assassino, a estar presente no local onde Ellerin foi assassinada.

O serial killer arrisca-se a ser condenado à pena de morte pelos crimes que cometeu na Califórnia, nos Estados Unidos.