De acordo com o Supremo Tribunal italiano, o som do autoclismo corresponde a uma violação dos direitos humanos. Pode parecer a coisa mais insólita que já ouviu, mas há uma explicação e uma longa história que se prolongou durante 19 anos.
Tudo começou com um casal italiano que vivia num apartamento perto de La Spezia, em Ligúria, Itália, que deixou de conseguir dormir devido ao som do autoclismo de uma casa de banho instalada pelos vizinhos. De acordo com o "Il Giornale", uma publicação de Milão, o barulho era "intolerável" e "impedia-os de ter uma boa noite de sono".
Decididos a recuperar as noites de descanso, o casal levou o caso a tribunal, que acabou por decidir contra eles. Não contentes com o desfecho, os italianos prosseguiram com a batalha jurídica e chegaram a um tribunal de recurso, numa cidade a norte de Génova.
Foi nessa altura que uma investigação oficial descobriu a razão para a casa de banho ser tão barulhenta: os quatro irmãos que residiam no apartamento do lado tinham instalado o autoclismo numa parede com uma largura de 23 centímetros, não muito longe da cabeceira da cama do casal, salienta o "The Times".
Desta feita, a decisão foi a favor do casal italiano, que decidiu que o som do autoclismo, "agravado pelo uso noturno frequente", acrescenta o "Il Giornale", comprometia a qualidade de vida dos queixosos e consistia numa "violação do direito ao livre exercício dos hábitos diários estabelecidos pela Convenção Europeia dos Direitos do Homem".
Devido a esta mesma violação, os quatro irmãos, os vizinhos que instalaram a casa de banho, foram obrigados a pagar ao casal 500€ de indemnização por cada ano desde que o autoclismo foi instalado, o que resultou numa soma de 9.500€.
Os irmãos pediram a intervenção do Supremo Tribunal italiano, mas a decisão não mudou, também com este tribunal a considerar o ruído das descargas noturnas, que perturbava o sono dos vizinhos, uma violação dos direitos humanos, tal como são a escravatura e a tortura.