Em agosto, o Instagram foi acusado de censurar e de silenciar a modelo plus size Nyome Nicholas-Williams, na sequência de esta ter publicado uma série de imagens captadas numa sessão fotográfica seminua, que ocorreu com o intuito de promover a aceitação corporal e a inclusão (entretanto, as imagens já foram repostas). A situação transformou-se numa polémica contra a rede social: vários criadores de conteúdo vieram relatar que o Instagram discrimina sistematicamente pessoas negras, modelos plus size, assim como outras comunidades, eliminando as fotografias ou fazendo-as chegar a menos pessoas, comparativamente às imagens com protagonistas brancos e corpos magros.
Por esta altura, tanto Nyome como a fotógrafa Alexandra Cameron, falaram ao "Observer" do jornal "The Guardian", descrevendo, precisamente, como as fotografias desta sessão fotográfica — uma "sessão de confiança" — foram, repetidamente, retiradas, ou motivo para ameaça de suspensão das contas (juntas, as duas mulheres contabilizam mais de 115 mil seguidores). A controvérsia gerou, inclusivamente, a hashtag #IWantToSeeNyome, com a aplicação de Zuckerberg a ser acusada de hipocrisia e racismo, por permitir que fotografias de mulheres magras semi-nuas fossem autorizadas, ao contrário daquelas que retratam mulheres negras ou com corpos diferentes.
"Uma mulher negra e gorda a celebrar o seu corpo é banida... Quero promover o amor-próprio e a inclusão porque é assim que me sinto e é assim que quero que outras mulheres se sintam", disse Nichola-Williams.
Na sequência da onda de indignação, e que levou a que muitas outras mulheres denunciassem este modus operandi do Instagram, a rede social cedeu: notícia avançada em exclusivo pelo mesmo jornal inglês diz que as duas redes de Zuckerberg vão rever as suas políticas de nudez, de modo a lutar contra a discriminação de mulheres negras e plus size, garantindo que todos os tipos de corpo possam ser tratados de forma igual e justa.
Ainda assim, o Instagram negou que Nichola-Williams tenha sido discriminada racialmente, confirmando apenas que a censura das imagens estava relacionada com a política ligada à exibição de mamas: “Não permitimos agarrar nos seios porque pode ser mais associado a pornografia", disse porta-voz do Instagram, em relação à imagem da influenciadora plus-size.
O Instagram e Facebook têm um sistema de inteligência artificial, mas empregam também 15 mil pessoas que reveem o conteúdo partilhado em todo o mundo. Individualmente, avaliam milhares de fotografias, considerando se são, ou não, ofensivas. Assim, além de ocorrer automaticamente, este tipo de censura pode acontecer por preconceito humano — consciente ou subconsciente.
Sobre a revisão da política de nudez, Nichole-Willams diz tratar-se de um "grande passo". “Estou feliz que um diálogo tenha sido iniciado”, disse ao "The Guardian". "Quero garantir que sou respeitada e autorizada a usar espaços como o Instagram, como muitos outros criadores, sem a preocupação de ser censurada e silenciada."
Entretanto, muitos outros utilizadores questionam o motivo que leva o Instagram a censurar os mamilos de mulheres, deixando que homens os exibam. Foi, inclusivamente, criada a conta Gender Nipples, que questiona a forte censura ao corpo feminino que, desta forma, é "hiper-sexualizado" pela plataforma.