Hazel Behan viveu um pesadelo em Portugal, em 2004, enquanto dormia sozinha num apartamento na Praia da Rocha, no Algarve. A irlandesa, atualmente com 41 anos, foi acordada por um estranho mascarado, armado com um machete e vestido de preto, que invadiu o seu quarto com chicotes, preservativos e uma câmara. Este terá abusado dela sexualmente e, 20 anos depois, está a tentar com que a justiça seja feita.
A mulher, que é mãe de três filhos, trabalhava como guia turística em Portugal, diz o "Daily Mail". "Parecia que o meu corpo estava a arder", conta, recordando a noite do crime, citada pela mesma publicação. "Estava a lidar não só com a dor física, mas também com o trauma psicológico. Foi uma verdadeira tortura. A dor, o sangue, a sensação de impotência... nunca senti tanto medo na minha vida", frisou.
Hazel Behan acredita que Christian Brueckner, o principal suspeito do desaparecimento de Maddie McCann em 2007, foi o homem que a violou naquela noite. Identificou-o como o seu agressor depois de falar com a polícia britânica pela primeira vez em 2020, após ficar a par da condenação do alemão pela violação de uma idosa americana, também na Praia da Luz, em 2005.
"Vi a foto dele e li a descrição. Senti-me enjoada. Comecei a ouvir um som de água nos meus ouvidos e pensei que ia vomitar", lembra. "Sabia que tinha de testemunhar contra ele. Pessoas como ele prosperam com o silêncio, e eu não queria reviver todos aqueles horrores, mas, se ficasse em silêncio, ele venceria", continua. No entanto, o alemão foi absolvido em tribunal devido à falta de provas, como ADN ou impressões digitais.
Os crimes pelos quais Brueckner foi julgado não estão diretamente relacionados com o desaparecimento de Maddie McCann, mas ocorreram em locais próximos ao resort algarvio de Praia da Luz, onde a menina desapareceu. Brueckner, que é um criminoso reincidente, tem um historial de condenações que remonta a 1994, quando foi considerado culpado pela primeira vez de crimes sexuais contra crianças. Desde então, acumulou acusações de tráfico de droga, roubo e agressão.
"Sinto um misto de choque e revolta com a absolvição. E também tenho medo. Ele pode estar em liberdade já em 2025, quando terminar a pena de sete anos", desabafou Hazel, citada pelo "Daily Mail". "A ideia de que a Madeleine e eu podemos estar ligadas através deste homem é devastadora. Penso nela muitas vezes", explicou, acrescentando que sente "uma enorme culpa por não ter lutado mais contra a polícia portuguesa" aquando da violação.
"Se o homem que me violou tivesse sido capturado, talvez a Madeleine estivesse agora com a sua família", frisou. E tem esta convicção porque, de acordo com a própria, foi incentivada pelas autoridades a não fazer muito alarido à volta da situação. "Disseram-me que isso ia 'arruinar o comércio turístico'. Se houve alguma tentativa para encontrar o culpado, nunca fui informada", esclarece.
Contudo, Hazel Behan tem a certeza de que Brueckner é o homem que a atacou. Embora o agressor usasse uma máscara, os olhos dele, que descreve como sendo "de um azul penetrante", ficaram gravados na sua memória para sempre. "Vi a forma do seu corpo, o seu porte. As roupas dele eram justas ao corpo. Quando alguém te faz algo assim durante horas, os olhos dessa pessoa ficam gravados na tua memória para sempre", frisa. “Fui atacada, e ninguém me pode convencer do contrário”, remata.
Christian Brueckner é acusado de três violações e duas ofensas sexuais em Portugal, entre dezembro de 2000 e junho de 2017. Os incidentes envolvem cinco crianças e mulheres, entre os 10 e os 80 anos. A par disto,continua a ser o principal suspeito do caso, mas ainda não foi acusado – embora tenham surgido novas provas que alegadamente reforçam a teoria de que o alemão de 47 anos é culpado pelo rapto e pela morte da menina britânica, cujo paradeiro ficou desconhecido a partir de 3 de maio de 2007.