No final do primeiro dia da invasão russa sobre a Ucrânia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou ao mundo, a partir da Casa Branca, revelando um novo pacote de sanções a serem aplicadas à russa, tendo por objetivo condicionar a economia do país liderado por Vladimir Putin. Grande parte das condenações são a nível económico, como o bloqueio de "quatro grandes bancos russos", assim como da capacidade destes de negociar em dólares, euros ou ienes.

Biden começou o discurso por lembrar que a Rússia "rejeitou qualquer esforço de boa fé dos Estados Unidos e dos aliados (EUA, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia) para um diálogo para evitar um confronto sem sentido", mas mesmo assim o presidente russo preferiu a guerra.

"Putin é o agressor, Putin começou esta guerra e agora vai sofrer as consequências", afirmou, seguindo então para o conjunto de sanções que foram tomadas em conjunto com outros países, como frisou várias vezes. "Quero ser claro: os Estados Unidos não estão a fazer isto sozinhos. Há meses que temos construído uma coligação de parceiros, com metade da economia mundial", num total de 27 economias europeias para "amplificar" o efeito da resposta.

E é deste modo que os Estados Unidos vão responder:

  • Será limitada a capacidade da Rússia para fazer negócios em dólares, euros e ienes;
  • Foi estancada a possibilidade de financiar as capacidades militares russas;
  • Foram bloqueados os quatro grandes bancos russos e "qualquer ativo que a Rússia tenha nos Estados Unidos está congelado";
  • Membros das famílias de pessoas que beneficiaram da invasão serão sancionados;
  • Haverá uma redução da exportação para a Rússia de tecnologia de ponta.

Além destas limitações, Joe Biden anunciou que forças militares norte-americanas foram mobilizadas para território de aliados da NATO (7000 militares para a Alemanha, avança o site "Politico"), e que serão feitos esforços internos para minimizar o aumento do preço do petróleo para os consumidores norte-americanos.

"Os Estados Unidos defenderão cada centímetro do território da NATO com toda a força do poder norte-americano. A NATO está mais determinada do que nunca em cumprir o artigo 5º [do Tratado do Atlântico Norte]: um ataque a um é um ataque a todos", afirmou ainda Joe Biden. Precisamente esta sexta-feira, 25 de fevereiro, a NATO vai estar reunida para delinear uma estratégia sobre a invasão russa.

Já no fim do discurso, Biden terminou com palavras fortes. "A escolha de Putin de levar a cabo uma guerra injustificada deixará a Rússia mais frágil e o resto do mundo mais forte", afirmou. "A liberdade vai prevalecer", disse, por fim, numa mensagem de esperança.

Também esta quinta-feira, 24, o primeiro-ministro, António Costa, falou ao País sobre a invasão russa à Ucrânia e garantiu "sanções a aplicar à Rússia" e "proteção internacional aos ucranianos". Já sobre os cerca de 200 cidadãos portugueses na Ucrânia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que falou na tarde desta quinta-feira aos jornalistas, afirmou que "estão a sair ou já saíram do território ucraniano", cita a CNN Portugal.

O que aconteceu nas últimas horas na Ucrânia

A incursão da Rússia sobre a Ucrânia começou na madrugada desta quinta-feira, 24 de fevereiro, às 3h18 portuguesas. Ao longo do dia ouviram-se explosões, bombardeamentos, fizeram-se protestos e entretanto, as forças russas já tomaram a central nuclear de Chernobyl, conforme confirmado à agência Reuters por uma fonte do gabinete presidencial ucraniano, cita o jornal "Observador". Também a cidade de Mariupol, um dos maiores portos ucranianos no mar de Azov, foi atingida com ataques pesados e há relatos de centenas de explosões, afirmou uma fonte diplomática à agência de notícias Reuters, refere o jornal "Expresso".

Até ao momento, contabilizam-se 203 ataques, 83 alvos terrestres destruídos e quatro mortos e dez feridos registados num hospital atingido na região de Donetsk. Sabe-se ainda que pelo menos 735 pessoas que protestavam em mais de 40 cidades russas foram detidas em protestos anti-guerra, segundo a entidade de monitorização de protestos OVD-Info, citada pelo "The Guardian".

Ao final desta quinta-feira, o primeiro dia da invasão russa, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse que o país atingiu "todos os objetivos estipulados para esta quinta-feira", considerando, assim, o primeiro dia "bem-sucedido", segundo a agência Interfax, citada pelo "Diário de Notícias".