Pelo menos 180 jornalistas, 600 políticos, 85 ativistas e 65 líderes empresariais foram espiados através dos seus telemóveis. Mas sabe-se que fazem ainda parte desta lista dois chefes de governos europeus e um chefe de Estado. É esta a conclusão de uma nova investigação realizada por um consórcio de 17 órgãos de comunicação social, que revela que a empresa israelita NSO Group terá desenvolvido um programa malicioso (chamado spyware) que, uma vez instalado nos telemóveis, possibilitou ouvir chamadas e aceder, indevidamente, a mensagens, fotografias e contactos telefónicos armazenados no equipamento.

Esta não é a primeira vez que a empresa, a NSO Group, é acusada de vender os seus programas a regimes autoritários. No entanto, esta defendeu-se sempre dizendo que este programa — e outros similares — eram comercializados com o objetivo de desmantelar redes criminosas ou terroristas. Esta nova lista, no entanto, contraria essa tese.

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Entre os 180 jornalistas, 600 políticos, 85 ativistas e os 65 empresários, muitos foram localizados em Marrocos, na Arábia Saudita e no México, escreve a agência Lusa, citada pela TVI.

Encontrou-se ainda o número do jornalista mexicano Cecilio Pineda Birto, assassinado a tiro semanas depois de o seu nome ter sido adicionado à lista, assim como dois números de telefone que pertenciam a mulheres próximas do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado em 2018 no consulado do seu país, em Istambul, por agentes da Arábia Saudita, segundo concluiu o consórcio, da qual fazem parte jornais como "Le Monde", "The Guardian" e o "The Washington Post".

Nesta fase, sabe-se que o programa, cujo nome é Pegasus, podia infetar telemóveis através de, entre outros métodos, o envio de uma hiperligação maliciosa através de mensagem de texto, WhatsApp ou iMessage (o serviço de troca de mensagens exclusivo da Apple e disponível apenas em iPhone, iPad e Mac).

Após conhecidas as conclusões da investigação, a empresa israelita negou "fortemente" todas as acusações e diz que a reportagem está "cheia de falsas suposições e teorias não substanciadas".