Kara Robinson Chamberlain tinha 15 anos quando a sua vida mudou para sempre. Em junho de 2002, a jovem encontrava-se a tratar das plantas no jardim da frente da casa da melhor amiga quando foi abordada por um homem que lhe apontou uma arma e a obrigou a entrar no carro.
Esse homem, mais tarde identificado como o serial killer Richard Evonitz, levou Kara para a sua casa, onde a manteve em cativeiro durante cerca de 18 horas — até ao momento em que a jovem conseguiu fugir. Enquanto Richard conduzia até ao apartamento para onde a levou, Kara foi contando as voltas de carro, na esperança de mais tarde encontrar o caminho de volta para casa.
"O meu mecanismo de sobrevivência disse: 'Tudo bem, vamos reunir o máximo de informações que pudermos'. O medo mal chegou. A vontade humana de sobreviver e o mecanismo de sobrevivência realmente não podem ser subestimados", conta agora a mulher de 35 anos à "People".
Apesar de aterrorizada, Kara tentou, já no apartamento de Richard Evonitz, encontrar maneiras de identificar o homem e arranjar estratégias para o manter calmo. Nessa mesma noite, enquanto o raptor dormia, a jovem conseguiu soltar uma mão de uma das algemas, tirar as amarras das pernas e fugir. Já na rua, correu em direção a um carro que estava no estacionamento e pediu às duas pessoas que se encontravam dentro do carro para a levar até à polícia.
Kara conseguiu fornecer informações que levaram os agentes até ao apartamento de onde tinha fugido e fez com que o homem fosse identificado como o responsável por, pelo menos, mais três homicídios. No entanto, quando chegaram ao local, Evonitz já tinha escapado. A polícia seguiu o rasto do homem até Sarasota, Flórida, e a perseguição terminou com Evonitz a matar-se com um tiro.
Após a identificação e morte do raptor, Kara percebeu que sobreviveu para um propósito muito específico: espalhar esperança e encorajar outros sobreviventes a perceber que não estão sozinhos e que é possível ultrapassar o trauma.
Atualmente, a mulher de 35 anos usa a sua experiência e anos de trabalho na aplicação da lei para falar com grupos, contar a sua história, ajudar a educar aqueles que trabalham com vítimas e capacitar as pessoas a serem a melhor versão de si mesmas, independentemente do seu passado.
Em 2021, no documentário "Escaping Captivity: The Kara Robinson Story", Kara conta toda a história. "Eu sabia que se quisesse ajudar as pessoas, precisava de contar a minha história de uma maneira que me orgulhasse", diz à "People". Além do documentário, Kara conta com um site e recorre ainda às redes sociais para ajudar todos os que a procuram e querem saber mais sobre a sua história de superação.