38 dias de guerra. Depois de sucessivas tentativas falhadas, cerca de três mil pessoas conseguiram sair de Mariupol rumo a Zaporíjia nas últimas 24 horas, em autocarros e viaturas particulares, confirmou Volodomyr Zelensky, num vídeo divulgado na manhã deste sábado, 2 de abril.

O presidente ucraniano admite que as forças russas já se afastaram de determinadas zonas de Kiev e Chernihiv, mas acusa a Rússia de estar a deixar minas em todo o território por que passa à medida que se retira.

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"Estão a instalar minas em todo o lado. Nas casas, no equipamento, até nos corpos das pessoas que foram mortas. Há muitas barreiras, muitos perigos", alertou Volodomyr Zelensky, de acordo com a agência de notícias France-Presse, citada pelo "Jornal de Notícias".

Ucrânia e Rússia acordaram abrir sete corredores humanitários

De acordo com o presidente ucraniano, a retirada de civis das principais zonas de ataque russo teve um desfecho positivo graças a três corredores humanitários. "Os corredores humanitários aconteceram em três regiões: Donetsk, Lugansk e Zaporíjia. Conseguimos salvar 6.266 pessoas, incluindo 3.071 de Mariupol", disse, esclarecendo que, pelo menos 170 mil cidadãos ainda estão retidos na cidade que diz ter sido martirizada, Mariupol.

E é com o intuito de resgatar o maior número possível de civis ucranianos que este sábado, 2,  a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, anunciou que Kiev planeia abrir sete corredores humanitários, avança a CNN Portugal.

Até à data, não se sabe a localização efetiva de cada um destes corredores, no entanto já chegou a confirmação, pelas palavras da governante, de que um dos corredores se destina à saída de civis da cidade portuária de Mariupol e que haverá ainda outro para que os residentes de Berdyansk possam sair de autocarro.

Forças russas abandonam aeroporto ucraniano de Antonov

A Rússia já tinha confirmado que ia retirar as suas tropas do aeroporto de Antonov, em Hostomel, perto de Kiev, onde estiveram praticamente desde o início da invasão russa — e as imagens partilhadas pela Sky News comprovam a promessa.

As imagens em causa, divulgadas na noite desta sexta-feira, 1 de abril, remontam a 31 de março e provam que os russos deixaram o local onde, em imagens anteriores, era possível ver veículos militares e material de artilharia.

Recorde-se de que foi neste aeroporto que a tropas de Putin destruíram aquele que era o maior avião de carga do mundo, ​​​​​​​Antonov An-225 Mriya. De acordo com o jornal "Observador", a destruição do avião ter-se-à dado poucos dias após o início do conflito. O diretor-geral da indústria de defesa ucraniana, Yuri Husev, já avançou que a recuperação do avião pode custar mais de 3 mil milhões de dólares (mais de 2.600 milhões de euros) e poderá demorar mais de cinco anos.

Zelensky diz que sanções à Rússia estão a funcionar, mas que têm de ser intensificadas

A situação de conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia já decorre há 38 dias. Até à data, as autoridades judiciais da Ucrânia já reportaram a morte de 158 crianças e 254 feridas desde o início da invasão russa.

Volodymyr Zelensky admitiu que as sanções impostas pelos Estados Unidos e outros países contra a Rússia estão a funcionar, mas defende que precisam de ser aumentadas. Em entrevista à Fox News, Zelensky também disse que gostaria que a China, que não impôs sanções à Rússia, ficasse do lado da Ucrânia.

Até à data, a China ainda não assumiu nenhuns dos lados nesta guerra e garantiu, na 23.ª cimeira UE-China, que teve lugar esta sexta-feira, 1, que Pequim apenas se compromete a procurar a paz "à sua maneira".

Já a União Europeia "alerta a qualquer tentativa de ajuda à Rússia, financeira ou militarmente", acrescentou Charles Michel, representante europeu, citado pelo jornal "Observador". "Pedimos à China para ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia, a China não pode fazer de conta que não vê a Rússia a violar a lei internacional", acrescentou, de acordo com a mesma publicação.

Papa admite que visita a Kiev está em cima da mesa

Perante a atual situação da Ucrânia, de acordo com a Reuters, citada pelo "Observador", um jornalista perguntou ao Papa Francisco, este sábado, 2,  durante uma viagem de avião a caminho de Malta, se consideraria um convite por parte das autoridades políticas e religiosas ucranianas para ir a Kiev.

"Sim, está em cima da mesa", respondeu apenas o líder da Igreja Católica, sem adiantar quaisquer detalhes relativos a eventuais datas.

De acordo com a mesma publicação, o Papa já foi convidado a ir a Kiev pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pelo autarca da capital, Vitaliy Klitschko, pelo arcebispo-mor de Kiev e chefe da Igreja greco-católica ucraniana, Sviatoslav Shevchuk, e, ainda, pelo embaixador da Ucrânia no Vaticano, Andriy Yurash.