Passou precisamente um mês desde a primeira invasão da Rússia na Ucrânia e a marcar a data estão as cimeiras entre os líderes da NATO, G7 e do Conselho Europeu, agendadas para esta quinta-feira, 24 de março, em Bruxelas. O que pode sair desta sessão na qual será discutido o conflito? Investir na defesa dos países aliados e o reforço da união da NATO.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky , espera que desta reunião resultem "passos significativos", como disse num vídeo partilhado nas redes sociais esta quarta-feira à noite, 23. “A nossa posição firme estará representada nestas três cimeiras. Nestas três cimeiras, vamos ver quem é amigo, quem é parceiro e quem nos traiu por dinheiro", afirmou de forma direta sobre o que pensa relativamente ao apoio dos países ocidentais que vão estar nas reuniões de alto nível.
Decorreu precisamente um mês desde o início do conflito entre a Ucrânia e a Rússia e os números oficiais revelam o impacto brutal da guerra. Morreram 977 civis, destes contam-se 81 crianças, mais 1.594 civis ficaram feridos e 3,6 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, de acordo com dados das Nações Unidas.
As três reuniões entre os líderes da NATO, a do G7 e a do Conselho Europeu são, por isso, de extrema importância e fazem-se alguns levantamentos sobre o que é esperado.
A posição de António Costa
O primeiro-ministro português, António Costa, que vai participar nas cimeiras desta quinta-feira, considera que é essencial firmar a posição defensiva da aliança entre os países e afasta o envolvimento na guerra.
"A NATO é uma aliança defensiva, não desencadeia a guerra, não intervem em guerra em territórios de terceiros e por isso não está a participar em exercícios militares na Ucrânia. Dá apoio militar, dá apoio político e económico. É uma aliança defensiva e por isso tem que ficar claro que no território na NATO ninguém entra", afirmou.
Sobre o papel de Portugal, o primeiro-ministro lembra que o País tem "aplicado todas as sanções que têm vindo a ser decretadas” e que tem “fornecido apoio material e humanitário”.
Armas químicas poderão ser tema de discussão nas cimeiras
Um dia antes das cimeiras, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, deixou um alerta sobre o uso de armas químicas pela Rússia. "Qualquer uso de armas químicas vai mudar dramaticamente a natureza do conflito, é uma violação da Lei Internacional que terá consequências severas", disse Jens Stoltenberg ao chegar a Bruxelas.
Este poderá ser um dos temas em cima da mesa nas reuniões entre os líderes da NATO, G7 e do Conselho Europeu dado que, na possibilidade de isso acontecer, os efeitos dos ataques com armas químicas iriam “espalhar-se por território de Aliados”.
Investir na defesa dos países aliados
Agora que o mundo se viu confrontado com uma guerra que não acreditava que pudesse acontecer, os países aliados vão discutir a necessidade de investir em mais defesa.
“Constato um novo sentido de urgência entre os aliados. Todos percebem que é preciso fazer mais. Enfrentamos a mais grave crise de segurança numa geração, pelo que temos de investir mais na nossa segurança. E os aliados compreendem que a única forma de o fazer é destinar mais dinheiro para os orçamentos nacionais de defesa”, disse o secretário-geral da NATO.
Entre os 30 membros da NATO, sabe-se que vários já demonstram intenção de aumentar os investimentos na defesa, o que deixa Jens Stoltenberg "satisfeito". “Saúdo a decisão, por exemplo, da Alemanha, de investir 2% do PIB em Defesa. Isso fará realmente diferença, por se tratar de uma grande economia”, disse ainda na chegada a Bruxelas.
União entre Estados Unidos e Europa
Líderes do mundo vão estar resumidos esta quinta-feira em peso. O secretário-geral da NATO disse, sobre as perspetivas para as cimeiras, que vão "mostrar a importância de América do Norte e Europa estarem juntas a enfrentar esta crise". Isto porque nas sessões estará também presente o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Para Stoltenberg, sendo a "mais forte aliança do mundo", com 30 países, "enquanto permanecermos juntos estaremos seguros”, sublinhou.
Continuam os corredores humanitários na Ucrânia
Ainda esta quinta-feira, espera-se que sejam abertos mais sete corredores humanitários. No entanto, ao contrário do que tem acontecido ultimamente, a cidade portuária de Mariupol vai ficar de fora.
Segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereshchuk, os civis que querem sair desta cidade têm por agora como opção apenas fugir para Berdiansk, a mais de 70 quilómetros de Mariupol.