Uma vida em cassetes foi o que Hannah Baker (Katherine Langford) deixou aos amigos em "Por Treze Razões" depois de morrer. Era através delas que, na série da Netflix, a personagem pretendia dar a conhecer a sua história e os motivos que a tinham levado a pôr termo à vida na casa de banho de casa.

"Olá, sou a Hannah. Põe-te confortável porque vou contar-te a história da minha vida. Mais especificamente, por que razão a minha vida acabou. E se estás a ouvir esta cassete, é porque tu és uma das razões", ouviu-se.

Não demorou muito até que a série, que se estreou em 2017, fosse recebida com muitas críticas. É que apesar de se ter tornado muito popular entre os adolescentes, foi acusada de romantizar o suicídio e de o mostrar como a única saída possível depois de anos de bullying.

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A série caiu em esquecimento depois de uma segunda temporada mais fraca, mas agora voltou-se a falar do assunto devido ao suicídio de uma criança.

Segundo escreve o tabloide britânico "Mirror", Jessica Scatterson, de apenas 12 anos, ter-se-á suicidado depois de ver uma série sobre uma adolescente que deixou 13 cassetes a explicar o motivo que a levou a matar-se.

Rachel Warburton, mãe da criança, explicou que a filha estava a acompanhar a série com os amigos e contou como Jessica terá "deixado uma lista com seis razões que a faziam querer deixar de viver." E ataca a Netflix por falta de ferramentas que protejam os jovens de conteúdo impróprio e nocivo.

"Não quero que mais nenhum pai tenha de passar por aquilo que passámos. Incentivo qualquer um a estar atento ao que os filhos andam a ver online", continuou.

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Contactada pela mesma publicação, uma assistente social é da mesma opinião: "[A série] deveria ser banida porque a minha filha viu-a e dá a ideia às crianças de que se podem auto-mutilar."

Mas embora seja verdade que em abril de 2017, um mês depois a estreia da série, a taxa de suicídio tenha aumentado em 28,9% nos EUA, investigadores dizem que não foi possível estabelecer uma relação direta entre as duas coisas.

"Os números dizem que foram mais os norte-americanos entre os 10 e os 17 anos a suicidar-se naquele mês do que num período de cinco anos. Nove meses depois da série estrear, houve ainda mais 195 casos de suicídio do que o esperado. Mas os investigadores dizem que não foi possível estabelecer uma relação direta entre estes números e o lançamento da série", escreve a mesma publicação.

A Netflix já reagiu ao sucedido através de um comunicado oficial enviado às redações: "Os nossos corações estão com esta família. É um tópico extremamente importante e trabalhamos muito para garantir que este assunto delicado seja tratado com responsabilidade."

"Por Treze Razões" já foi renovada para uma terceira temporada, mas ainda não há data de estreia anunciada.