O artista sevilhano Salustiano García apresentou este sábado, 27 de janeiro, o quadro que criou para a Semana Santa de Sevilha 2024, no sul de Espanha, que mostra Jesus Cristo coberto por um pano branco na zona da cintura. O cartaz oficial foi alvo de polémica nos meios católicos ultraconservadores da cidade, devido ao caráter “sexualizado” da imagem.

Para a organização do evento, que reúne as irmandades de Sevilha que participam nas procissões da festividade católica local, a criação do artista reflete “a parte luminosa da Semana Santa” no “mais puro estilo deste prestigiado pintor”, conforme reforçaram em comunicado.

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O Instituto de Política Social, uma organização que defende os “símbolos cristãos” e que é contra o aborto, considera o cartaz “uma verdadeira vergonha e aberração” por apresentar um Jesus Cristo “efeminado”, pediu que este fosse retirado e exigiu um pedido de desculpas do seu autor, devido a considerar que esta representação não está de acordo com o espírito do evento.

Javier Navarro, líder do partido de extrema direita Vox, também criticou a obra no X, afirmando que esta “procurava a provocação” e que não encorajava “a participação devota dos fiéis na Semana Santa de Sevilha”, tal como era o objetivo. Foi criada uma petição pública no sábado, 27, com o objetivo de defender a “tradição” e “fervor religioso” de Sevilha contra a obra, e até então já conta com 12.119 assinaturas.

Salustiano García defendeu que o quadro é “gentil, elegante e bonito” e que foi feito com “respeito”. “É preciso estar doente para ver sexualidade no meu Cristo”, afirmou Salustiano García ao jornal “ABC de Sevilla”, acrescentando que “não há nada” na sua obra que “não esteja representado em obras de arte de há muitos séculos”.

O autor revelou que usou o seu filho como modelo para o cartaz oficial. “Nós os dois rimo-nos com esta polémica e estamos muito surpreendidos com a politização que está a ser feita em torno do quadro”, disse o artista, que contou com o apoio de Juan Espadas, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) da Andaluzia, que defendeu o quadro, criticando “as expressões de homofobia e ódio” de que foi alvo.

“Jesus Cristo acharia muito más estas críticas nas redes”, referiu Salustiano García numa entrevista ao canal Sur Radio. O autor admitiu que ficou “muito surpreendido” com as críticas negativas e referiu que o cartaz é “muito respeitoso para com os cristãos” e que foi feito “de acordo com a tradição”.

“Teria sido mais escandaloso se eu o tivesse posto num fato de treino”, atirou. “Sou um pintor antigo e sério e não preciso disto. Se for bom para a minha carreira, tudo bem, mas não gosto desta popularidade”, reforçou Salustiano, referindo que quer que a sua obra seja “conhecida”, mas a que a popularidade devido à polémica não era o que “procurava”.