Os ataques continuam nas cidades ucranianas, mesmo depois de na reunião desta terça-feira, 29 de março, para as negociações de paz, a Rússia ter anunciado a intenção de reduzir as forças militares nas regiões de Kiev e Chernihiv. Contudo, esta última cidade sofreu ataques na madrugada. Mas não foi a única.
Também as cidades de Khmelnitskyi, Severodonetsk e Lysychansk sofreram bombardeamentos numa noite em que "não houve uma região sem sirenes" a tocar na Ucrânia.
As reuniões e encontros entre países continuam, uma delas é entre o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e o homólogo chinês Wang Yi. O encontro aconteceu em Tunxi, na China, país que é o maior aliado russo, que recusou participar nas sanções internacionais a Moscovo. O momento (que antecede a cimeira UE-China, decisiva para perceber a posição da China sobre o conflito) foi partilhado pela Rússia.
Esta quarta-feira, 30, está ainda a ser marcada por relatos de que mulheres ucranianas estão a ser alvo de violação por parte das forças russas. Descubra tudo o que está a acontecer.
Rússia anuncia redução de militares, mas não poupa ataques
O vice-ministro russo da Defesa, Alexander Fomin, anunciou esta terça-feira, 29 de março, que a Rússia ia "reduzir radicalmente" as atividades militares em Kiev e Chernihiv. A redução deve-se à sessão de negociações para a paz que decorreu esta terça-feira. No entanto, na madrugada desta quarta-feira, foram vários os ataques sentidos na região de Chernihiv.
Isto levou o governador da região, Viacheslav Chaus, a dizer na rede social Telegram que não acredita na promessa. "Acreditam na promessa? Claro que não. A atividade militar reduzida na região de Chernihiv foi demonstrada pelo inimigo, que realizou ataques na cidade de Nizhyn, incluindo ataques aéreos, e toda a noite atingiram a cidade de Chernihiv", escreveu.
Quanto a Kiev, o governador da cidade disse que a noite foi "relativamente tranquila", cita a Reuters, de acordo com o "Observador", ainda que as sirenes antiaéreas tivesse voltado a tocar esta quarta-feira. Aliás, segundo um porta-voz ucraniano do ministério do Interior, "não houve uma região sem sirenes" a tocar esta madrugada na Ucrânia.
Novos bombardeamentos e edifícios danificados
Em alguns locais as sirenes apenas tocaram, mas noutros refletiram-se em ataques. É o caso de Chernihiv, Khmelnitskyi, Severodonetsk e também em Lysychansk.
“Vários edifícios altos ficaram danificados. Ainda estão a ser confirmadas informações sobre vítimas. Muitos edifícios colapsaram. Equipas de resgate estão a tentar salvar os que ainda estão vivos”, escreveu o governador da região ucraniana de Lugansk, no Donbass, Serhiy Gaidai, no Telegram, citado pela Reuters, segundo o "Observador".
Do outro lado da fronteira, na Rússia, foi atacada a cidade de Belgorod, junto à fronteira com a Ucrânia, atingindo um acampamento militar durante esta madrugada, como mostram as imagens divulgadas no Twitter da Nexta TV.
Denunciados casos de violações de mulheres pelas tropas russas
Começam a surgir relatos de violações a mulheres ucranianas por parte das forças russas. O alerta foi dado pela comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, à União Europeia (UE) e dá conta de “inúmeros casos” de violações que "parecem ser mais ou menos incentivadas pelos russos".
“É a primeira vez que se ouve falar neste assunto no contexto de guerra na Ucrânia. Isto está a acontecer agora, de acordo com o ministro do Interior ucraniano”, disse ainda, citada pela agência Lusa, na CNN Portugal.
O ministro ucraniano Denis Monastirsky falou também sobre o assunto esta terça-feira numa videoconferência e assegurou que tem provas de “muitas violações a mulheres”.
Tropas russas retiram-se para a Bielorrússia
Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, as tropas russas foram “forçadas a regressar à Bielorrússia e à Rússia para se reorganizarem e reabastecerem.” Isto deve-se a "fortes perdas" e demonstra alguma fragilidade das tropas inimigas da Ucrânia no combate ao país.
Possivelmente numa tentativa de enfraquecer também o lado militar ucraniano, o embaixador russo nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, acusou a Ucrânia de usar viaturas oficiais das Nações Unidas para transportar armas e ainda de estar a fazer uma "limpeza física" de opositores, como ativistas, cientistas políticos e jornalistas.
"Não podemos deixar de expressar a nossa preocupação com os casos em curso de apreensão de veículos com símbolos da ONU pelas Forças Armadas da Ucrânia", disse o embaixador russo nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, como cita a agência Lusa, segundo a CNN Portugal. O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergii Kislitsia, classificou as acusações como "mentiras".