Lucia DeClerck tem 105 anos, levou a segunda dose da vacina da Pfizer/BioNTech contra a COVID-19 a 24 de janeiro, soube no dia seguinte que estava infetada com o vírus e já recuperou da doença. Esta foi apenas mais uma batalha da centenária caracterizada pelo neto, Shawn Laws O’Neil, de 53 anos, como "a durona que chutou a COVID".
Mas parece que Lucia teve uma ajuda extra no combate à doença. De acordo com o "The New York Times", durante quase toda a vida comeu logo de manhã nove passas douradas embebidas em gin e até dá a receita daquele que considera ter sido o segredo para sobreviver à COVID-19.
"Encha uma jarra", explica. "Nove passas por dia, depois de assentarem nove dias". Tão simples quanto isto.
Habitualmente, as avós têm as suas mezinhas para curar sintomas, doenças, ou qualquer mal-estar, mas esta avó de cinco netos, 12 bisnetos e 11 trisnetos, tem dicas irreverentes. Além das passas embebidas em gin, Lucia DeClerck, nascida em 1916 no Havai, EUA, sempre teve outros hábitos que acredita terem contribuído para a sua longevidade: beber sumo de aloé vera diretamente do pacote, não comer "comida de plástico" e escovar os dentes com bicarbonato de sódio. A verdade é que até aos 99 anos nunca teve uma cárie, de acordo com os dois filhos vivos e os netos.
A juntar a tudo isto, Lucia é católica, conduz as orações todas as semanas na casa de repouso onde vive, e acredita que a fé também tem contribuído para viver tantos anos. "Rezar, rezar, rezar", diz.
Lucia DeClerck viveu e sobreviveu à gripe espanhola, em 1918, a duas guerras mundiais e ainda enfrentou a morte de dois maridos e de um filho. "Ela é apenas a epítome da perseverança", diz o neto O'Neil. "A sua mente é tão nítida. Ela lembra-se de coisas de quando eu era criança de que nem eu próprio me lembro".
A mulher de armas está há vários anos instalada na casa de repouso Mystic Healthcare and Rehabilitation Center, em Connecticut, EUA, na qual é a residente mais velha.
Ainda assim, apesar de ser uma mulher de forças, a COVID-19 fê-la tremer ligeiramente. "No início, ela estava um pouco apreensiva, um pouco assustada, mas disse: 'Deus vai proteger-me'”, revela Michael Neiman, administrador da casa de repouso.
Lucia DeClerck não gostou de ficar isolada, nem tão pouco de ter perdido o desfile de Carnaval dos cuidadores do centro. Mas mal teve oportunidade e regressou ao quarto passado duas semanas do início dos sintomas, colocou uns óculos de sol e um chapéu de malha de marca dando continuidade ao espírito do desfile.
Também os familiares temeram o pior, admite o filho Phillip Laws, de 78 anos, mas sabiam que Lucia tinha uma capacidade incrível para enfrentar as dificuldades da vida e que as orações constantes a salvariam. E, claro, sabiam que o facto de já ter sido vacinada poderia ser um ponto a seu favor. Lucia DeClerck foi uma das 62 residentes da casa de repouso a ficar infetada, dos quais quatro acabaram por morrer com COVID-19.
Passada a tempestade, a família agora pode respirar de alívio e garante que vai seguir o conselho da mulher centenária. "Agora estamos todos numa corrida aos potes e passas amarelas", brinca o neto de 53 anos.