A fuga de adultos e crianças da Ucrânia devido à guerra está a deixar os ativistas e as organização de direitos humanos preocupados, devido ao risco de tráfico humano.

Esta quinta-feira, 10 de março, a Comissão Europeia referiu já estar em alerta para o risco de tráfico de crianças na Ucrânia, indicando ter já ativada uma rede antitráfico, apesar de ainda não haver registo de vítimas, escreve o jornal "Observador".

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Apesar de ainda não haver casos confirmados, grupos que trabalham em países vizinhos para receber refugiados ucranianos dizem ter visto casos de crianças desaparecidas, extorsão e exploração quando já mais de dois milhões de pessoas passaram as fronteiras em busca de segurança, lê-se na notícia avançada pelo "The Guardian".

Karolina Wierzbińska, coordenadora da Homo Faber, uma organização de direitos humanos com sede em Lublin, na Polónia, diz que a instituição já viu casos de crianças a serem enviadas sozinhas por pais desesperados que esperam que os filhos encontrem parentes ou amigos do outro lado da fronteira ucraniana, chegando sem ninguém para as receber.

"Isso é extremamente angustiante para uma criança e pode levá-la a andar pela estação sozinha, desorientada e, na pior das hipóteses, levar ao seu desaparecimento. Este, infelizmente, não é um caso hipotético – já aconteceu", disse a coordenadora de organização ao jornal britânico, referindo haver relatos de casos de tráfico de pessoas e de mulheres às quais são oferecidos trabalhos ilegais sem salário.

Grupos lutam para combater risco de tráfico

Devido ao risco de tráfico, Karolina Wierzbińska diz que a Homo Faber está já a trabalhar em todos os quatro pontos de passagem de fronteira para mitigar os riscos, tendo já criado uma linha de apoio 24 horas, operada por voluntários de língua ucraniana treinados para apoiar mulheres e crianças que passam a fronteira.

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"Sentimos que a informação deve chegar às mulheres antes destas passarem para a Polónia", disse. "São pessoas que estão a passar por traumas graves. A quantidade de informações e decisões a serem tomadas, o grande volume de estímulos pode levar a uma sobrecarga cognitiva. Quanto mais cedo forem informados da situação que os espera na Polónia, mais tempo terão para a processar", continua a coordenadora da organização.

Também Monika Molnárová, da equipa de combate ao tráfico humano da Caritas Eslováquia, disse que a unidade nacional de combate ao tráfico humano naquele país está a trabalhar na fronteira  para proteger mulheres e crianças em situação de risco.

"O risco de tráfico é considerável, pois os refugiados, exaustos e privados de qualquer conforto básico, estão, a cada novo dia na estrada, cada vez mais vulneráveis. Acreditamos que os traficantes provavelmente têm como alvo tanto mulheres que viajam sozinhas como mulheres que viajam com crianças", afirmou, citada pelo "The Guardian".

Russos atacam terminais de petróleo na região de Kiev

Durante a madrugada do 17º dia de guerra, foram ouvidas explosões em Dnipro e em Kiev, onde as tropas russas se posicionaram a cerca de 25 quilómetros.

Este sábado, 12 de março, os ataques aéreos do exército russo incendiaram, nas últimas horas, um terminal de petróleo na cidade de Vasilkiv, na região de Kiev.  "Um depósito de petróleo está em chamas em Vasilkiv após um ataque aéreo. Na aldeia de Kriachky, o ocupante (russo) disparou contra o depósito de petróleo durante a noite", disse Oleksiy Kuleba, administrador regional de Kiev, na sua conta na rede social Telegram, citado pela TSF. 

Segundo o administrador regional da cidade, Viacheslav Chaus, Chernigov, a norte de Kiev, também está sob ataque do exército russo e continua sem abastecimento de água, de eletricidade e de gás. "O inimigo continua os seus ataques aéreos e com mísseis. Pessoas pacíficas estão a morrer. Ontem [sexta-feira], uma bomba caiu sobre o Hotel Ucrânia. Não há mais hotel, mas a Ucrânia prevalece e continua a sua luta", frisou Chaus.

Este sábado, 12, há ainda a registar o bombardeamento de uma mesquita com 80 civis em Mariupol, um porto no sudeste da Ucrânia, onde milhares de pessoas estão cercadas há dias.

"A mesquita do sultão Suleiman, o magnífico, e da mulher Roxolana, em Mariupol, foi bombardeada pelos invasores russos. Mais de 80 adultos e crianças estão lá abrigados, incluindo cidadãos turcos", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia no Twitter, sem especificar quando ocorreu o bombardeamento, escreve a CNN Portugal.