Embora a vacina contra a COVID-19, da Pfizer e da BioNTech, tenha começado a ser administrada esta terça-feira, 8 de dezembro, no Reino Unido, uma imunologista da Universidade de Stanford, nos EUA, defende que o uso da máscara deve continuar a ser privilegiado mesmo em pessoas que tenham sido vacinadas. A explicação tem que ver com o facto de essas pessoas, agora imunizadas, "ainda poderem ser contagiosas" e propagar o vírus a outras, segundo a especialista Michal Tal ao "The New York Times".

A eficácia da vacina em questão está confirmada com um valor de 95% depois da realização de várias testes clínicos em larga escala, mas ainda não é claro se as pessoas agora imunizadas poderão ou não propagar o vírus caso o tenham contraído. É, aliás, essa a informação oficial avançada pelo CEO da Pfizer, Albert Bourla, que considera que esses dados ainda precisarão de ser analisados, uma vez que não há "certezas sobre isso" neste momento.

Para a imunologista Michal Tal, a incerteza tem que ver com o facto de os ensaios clínicos às vacinas da Pfizer e da Moderna só terem avaliado doentes infetados e agora vacinados. Nas suas palavras, isto deixa a possibilidade no ar de que algumas das pessoas vacinadas possam ser infetadas sem que, ainda assim, isso se traduza em sintomas.

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No caso de se tratar de uma infeção assintomática, ainda não se sabe se essas pessoas poderão contribuir para a propagação do vírus em comunidade. Sabe-se, sim, que o nariz é a principal porta de entrada no que toca à maioria das infeções respiratórias — já que é aí que o vírus se multiplica rapidamente, conduzido o sistema imunitária à produção de anticorpos que são específicos da mucosa, o tecido húmido que reveste o estômago, os pulmões, a boca e o nariz.

No caso de uma reinfeção, são estes os anticorpos os responsáveis por matar o vírus no nariz antes de este se espalhar por todo o corpo. A informação é importante porque, segundo a imunologista contactada pelo jornal americano, as vacinas contra a COVID-19 são rapidamente absorvidas pelo sangue depois de injetadas, estimulando o sistema imunológico a produzir anticorpos.

E ainda que alguns desses anticorpos circulem para a mucosa nasal, ainda não está confirmada qual a quantidade dessa resposta imunológica ou se será suficiente. Caso não seja, há a possibilidade de o vírus multiplicar-se na zona do nariz e, após um espirro ou uma exalação, ser propagado e infetar outras pessoas.