A cidade imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro, Brasil, foi atingida por chuvas torrenciais por volta das 20h30 desta terça-feira, 15 de fevereiro, que causaram deslizamentos de terra e lama e consequentemente a perda de dezenas de vidas. Os últimos dados, divulgados esta quinta-feira, 17, apontam para pelo menos 104 pessoas mortas, bem como mais de 260 deslizamentos e 325 ocorrências, escreve a CNN Portugal.

O cenário foi descrito pelo ministro do Desenvolvimento Regional do Brasil, Rogério Marinho, como "uma catástrofe provocada por chuvas torrenciais”. Já o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, falou em "guerra". "Cenas de guerra! Carros pendurados em postes! O que nós vimos é uma cena muito triste, cena praticamente de guerra", disse na noite de terça-feira, 15.

A Secretaria Estadual de Defesa Civil de Petrópolis já declarou estado de calamidade e luto de três dias e as operações de resgate vão continuar a ser feitas esta quinta-feira, 17, com uma forte equipa e estruturas de apoio no local: 500 operacionais dos bombeiros e militares, 200 polícias civis e 210 polícias militares, nove helicópteros e 190 veículos. Os operacionais concentram-se na localidade de Morro da Oficina por se estimar que, nesse local, existem 40 casas soterradas.

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O impacto real ainda não é conhecido, mas o que é certo é que à medida que os trabalhos no terreno continuam, os números vão aumentando. Até esta quarta-feira, além das dezenas de mortos que já se contabilizavam, as autoridades deram conta de 372 desalojados e outros 180 moradores em áreas de risco (já a receber apoio em escolas), segundo a Defesa Civil.

A tragédia, infelizmente, parece não ficar por aqui, uma vez que de acordo com a previsão meteorológica do site brasileiro Climatempo, entre a tarde de quinta-feira e sexta-feira estão previstas chuvas fortes para a região. 

São várias as imagens da grande "tragédia", como descreveu o governador do Rio de Janeiro, que têm sido partilhadas nas redes sociais, e que chocam pela violência com que acontecem os deslizamentos de terras ou pelo modo como os carros são levados pelas fortes correntes provadas pelas cheias após períodos de chuva intensa. De acordo com o governo brasileiro, só em quatro horas caíram cerca de 300 milímetros cúbicos de água, o que representa mais do que era esperado para todo o mês de fevereiro.

A cidade imperial está agora irreconhecível, tal como é dito nas palavras de jornal do brasileiro "Último Segundo". "Ali perto, a estátua de Dom Pedro II parecia olhar triste e contemplativa para a destruição na praça que leva seu nome. Totalmente tomada por lama e lixo atraiu a atenção dos pedestres, que lamentavam o ocorrido", pode ler-se.

A Praça Dom Pedro II (homenagem ao filho de D. Pedro I, que reinou em Portugal e foi imperador no Brasil) foi arrasada pela catástrofe, assim como a Avenida Koeler onde estão localizados casarões históricos. Petrópolis é uma cidade com muito património, e destacam-se monumentos como a Catedral de São Pedro de Alcântara e a a Casa da Princesa Isabel, também afetadas.

Não é a primeira vez que a a região montanhosa do Rio de Janeiro é afetada por chuvas intensas: a última foi em 2011 e provocou a morte de 900 pessoas e centenas ficaram desaparecidas.

Pelas redes sociais circulam ainda apelos para ajudar a população de Petrópolis.