A campanha de crowdfunding de António Rolo Duarte foi suspensa esta quinta-feira, 6 de agosto, pela própria GoGetFunding, a plataforma onde o jovem estudante pediu 25 mil euros para o doutoramento na Universidade de Cambridge. Na página da plataforma, a empresa justifica a suspensão: "Foi pedido ou requirido à GoGetFunding para parar esta campanha". Até àquele momento, António Rolo Duarte tinha conseguido angariar 4.860 euros — o que equivale a 19% dos 25 mil euros pedidos até ao final de agosto.
A MAGG tentou obter uma reação de António Rolo Duarte sobre o que terá acontecido ou se planeava voltar a iniciar uma nova campanha de angariação de fundos. O estudante, no entanto, não respondeu às mensagens enviadas pela MAGG nem atendeu o telefone até à data da publicação deste artigo. Mas a explicação da GoGetFunding deixa a indicação de que a suspensão poderá ter acontecido devido a denúncias.
A suspensão surge um dia depois de a MAGG ter confrontado António Rolo Duarte com algumas das imprecisões que este usava para publicitar a sua campanha. É que o jovem dizia precisar de 25 mil euros depois de o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) ter adiado a atribuição de bolsas o financiamento de doutoramentos. No entanto, Luís Ferreira, coordenador do gabinete de comunicação da FCT, garantiu à MAGG que "não há qualquer adiamento programado na atribuição de bolsas de doutoramento referente ao concurso de 2020".
Apesar disso do contexto pandémico que Portugal atravessa, Luís Ferreira reforça que todo o processo "está a decorrer dentro da normalidade" e que a entidade está a trabalhar no sentido de, mesmo tendo perdido um mês para o prazo de candidaturas, "poder apresentar os resultados aos candidatos dentro dos prazos que têm pautado este concurso nos anos anteriores".
Atribuição de bolsas não estava atrasada
Não é, portanto, verdade que o processo de atribuição de bolsas tenha sido "adiado indeterminadamente", como António Rolo Duarte diz no vídeo de apresentação da campanha que tem como objetivo final o valor de 25 mil euros. Até porque, explica a FCT, o prazo legal para que sejam devidamente anunciados os resultados de atribuição das bolsas de doutoramento só termina a 3 de setembro.
Estas bolsas, explica Luís Ferreira, são válidas para três tipos de modalidades: para trabalhos feitos em Portugal, no estrangeiro ou em regime misto. Para os trabalhos realizados no País, as bolsas atribuídas pela FCT têm o valor mensal de 1.064,00€, enquanto que para trabalhos realizados no estrangeiro o valor atribuído é de 1.865,00€. Ambos os valores podem ser atribuídos num total de 48 mensalidades por bolsa.
"A FCT também comparticipa as propinas pagas pelo aluno que, no caso de um plano de estudos no estrangeiro, tem o teto máximo de oito mil euros por ano até um máximo de quatro anos.", explica.
A MAGG sabe também que, dentro do MCTES, a ideia de António Rolo Duarte não foi vista com bons olhos — especialmente depois de ter sido noticiada sem contraditório noutras publicações, mas também por ter como base uma premissa errada e que não está assente na verdade. Confrontado com estas informações, António Rolo Duarte explicou, por telefone, que não estava a pedir nada a ninguém e que avançou com a iniciativa devido às informações que recebeu da própria FCT.
"Um representante da FCT disse-me ao telemóvel que este ano o prazo não iria ser cumprido devido à situação da COVID-19 e que, por isso, não tinham uma data definida para quando seriam apresentados os resultados", explicou. A FCT, por sua vez, nega categoricamente esta alegação e reforça que todo o processo está a decorrer com toda a normalidade.