A qualidade do álcool do gel desinfetante à venda em Portugal não está a ser testada. A responsabilidade cabe à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), mas de momento o laboratório está apenas focado na análise de alimentos. Na falta de fiscalização da ASAE, as restantes autoridades focam-se apenas em detalhes como a rolutagem dos produtos, bem como a sua documentação e origem.
Em suma: ninguém está a fiscalizar se a composição do gel desinfetante obedece aos mínimos que são exigidos para o combate ao surto de COVID-19 no País, avança o jornal "Público". Isto numa altura em que as informações da Deco PROTEST, a associação de defesa dos direitos do consumidor, não estão em concordância com as da Organização Mundial de Saúde. É que enquanto a primeira diz que os antissépticos em gel são apenas eficazes se o conteúdo em álcool for superior a 60%, a segunda aconselha até 80% — ressalvando que os líquidos são mais eficazes do que os géis.
Embora o laboratório da ASAE esteja especializado na análise de alimentos, Pedro Portugal Gaspar, principal responsável da autoridade, garante ao mesmo jornal que pode sempre recorrer a "congéneres externos se quiser testar outros produtos que não esteja certificado para analisar". Só que ainda não o fez.
“Ainda não estivemos muito focalizados nisso, temos estado mais focados no lucro ilegítimo", referindo-me às várias ações de deteção e desmantelação de venda a preços elevados destes produtos no combate à pandemia.
Apesar de tudo, o responsável reforça que este tipo de produtos — como máscaras e desinfetantes — são lançados para o mercado com a certificação CE.
No entanto, sabe-se que esse mesmo certificado, que é posto na embalagem do produto pelo próprio fabricante ou pelo importador na União Europeia, nem sempre atesta à sua segurança. Mais: devido à escassez de muitos destes consumíveis, na Europa passou a ser permitida a sua importação sem o selo CE.