O julgamento do acidente que causou a morte de Sara Carreira começou esta terça-feira, 24 de outubro, no Tribunal de Santarém. Os quatro arguidos estão presentes, incluindo Ivo Lucas, que tinha pedido para ser ouvido por videoconferência, o que foi recusado. O cantor foi o primeiro a chegar, acompanhado pelo pai e pelo advogado.
Tony Carreira e Fernanda Antunes, pais da cantora, também estão presentes e sentaram-se atrás de Ivo Lucas, segundo o “Correio da Manhã”. A juíza começou por ler a acusação, descrevendo o acidente de viação que vitimou Sara Carreira a 5 de dezembro de 2020 na A1, junto a Santarém, com 21 anos.
Paulo Neves, que conduzia alcoolizado com uma taxa de álcool no sangue de 1,18 gramas/litro e abaixo do limite de velocidade numa autoestrada, foi o primeiro arguido a falar, admitindo que tinha ingerido bebidas alcoólicas. “Estive com dois colegas, bebemos vinho e comemos queijo”, contou, acrescentando que depois de sentir o embate do carro da fadista Cristina Branco, tentou “imobilizar o máximo à direita”.
Além disso, contou que depois de fazer o “teste do álcool no local”, quis “ir ao hospital para fazer outro”. “Eu pedi para fazer análises ao sangue, porque eu achava que não eram aqueles valores que tinham dado. Tinha dado por volta do 1g/L no sangue”, disse, acrescentando que se encontrava “completamente consciente”. Ao ouvir a explicação de Paulo Neves, Fernanda Antunes não conteve as lágrimas.
Seguiu-se Cristina Branco, que afirma ter “um lapso temporal”. “Há um movimento que na verdade é simultâneo, eu ponho a mão no peito, travo e tentei desviar-me para o lado esquerdo. Depois do embate o airbag deflagra e eu acho que viro o carro, eu sinto que estou a bater numa parede”, explicou a fadista.
A fadista conta que ligou os piscas do carro, foi buscar a filha ao lugar do passageiro e seguiu para o separador central sem se aperceber de que o seu veículo estava no sentido contrário. Além disso, recorda que não viu o momento em que Ivo Lucas e Sara Carreira tiveram o acidente, mas a filha assistiu.
“A minha filha começa a gritar e eu olho e vejo um carro a sobrevoar as nossas cabeças”, afirmou. Ao ouvir esta descrição, Tony Carreira pôs a mão na cabeça, segundo o “Correio da Manhã”.
Ivo Lucas, namorado de Sara à data e condutor do automóvel em que ambos seguiam, está acusado de homicídio por negligência na forma grosseira, já que conduzia “desatento e em excesso de velocidade”. Paulo Neves responde pela mesma acusação e ambos arriscam uma pena até cinco anos de cadeia.
Cristina Branco é acusada de homicídio por negligência e arrisca a uma pena até três anos de cadeia, já que embateu no veículo de Paulo Neves e deixou o seu carro parado no meio da autoestrada, fugindo com a filha para o separador central. Já Tiago Pacheco, o último condutor a colidir contra o carro em que Sara Carreira seguia responde pelo crime de condução perigosa de veículo rodoviário, podendo ser obrigado a pagar uma multa.