"Quantas vezes não sentes que tens que fazer tudo sozinha?". Antes que respondam todas de braço no ar, saibam que não, não têm que fazer tudo sozinhas. Mas é com esta pergunta que Cláudia Soeiro chama a atenção para a falta de rede e de entreajuda quando o assunto é empreendedorismo no feminino.
Cláudia sentiu isso na pele quando há dois anos, para acompanhar o namorado que tinha recebido uma proposta de trabalho, se mudou para Zurique. Sem amigos ou emprego, eram poucas as oportunidades de conhecer pessoas.
Para trás tinha deixado a carreira em marketing digital e estava a estudar nutrição e psicologia. Nos momentos em que estar em casa já não era opção, refugiava-se num cowork, no qual a gerente desempenhou um papel fundamental. "Foi através dela que conheci mais mulheres na mesma situação do que eu e já não me senti tão isolada", conta à MAGG.
Agora, aos 31 anos e de regresso a Portugal, quis ela tomar o lugar dessa pessoa que facilita contactos e põe as pessoas a falar umas com as outras. para isso, fez uma pausa nos estudos e dedica-se ao GCrew, um clube para mulheres empreendedoras ou que estão a pensar lançar-se num negócio próprio.
Alugou uma loja na Lapa e transformou-a em casa. Tem sofás, candeeiros, molduras nas paredes e fotografias nas estantes. Mas tem sobretudo um espaço para que quem lá vá se sinta à vontade para partilhar medos, inseguranças, ou também certezas de que tudo se resolve. "Quero que o GCrew sirva como polo de entreajuda entre os seus membros. No futuro, pode haver uma troca de serviços mas, para já, há apenas troca de experiências", conta à MAGG.
Este social club funciona como espaço de cowork, mas principalmente como um "espaço seguro onde as mulheres podem mostrar inseguranças mas também encontrar quem as possa ajudar", refere. E porquê só mulheres? Cláudia responde com números: apesar de as mulheres representarem 50% da população mundial, ainda existem imensas disparidades e desigualdade no tratamento e oportunidades no mercado de trabalho. Por exemplo, apenas 27% dos cargos de topo de empresas são preenchidos por mulheres.
No GCrew — G de Girl, Crew de tribo — são organizados workshops de temas tão variados como o a vulva ou o falar em público. Mas também é um espaço para eventos de brainstorming e de showroom, onde as participantes debater ideias e expôr os seus trabalhos.
Além do espaço físico, o GCrew é também um podcast, no qual Cláudia faz questão de ter sempre uma convidada que motive este empoderamento feminino. Por lá já passaram Margarida Pereira, doula e ligada ao autoconhecimento da mulher, Inês Martins Almeida, educadora de fertilidade consciente, e Tânia Graça, sexóloga e psicóloga. Tânia vai também ser a próxima convidada a estar presente no clube. Vai dar um workshop sobre autoestima dia 12 de março.
Mas antes disso, há uma noite especial. Dia 22 de fevereiro, o Sexo e a Cidade muda-se de Nova Iorque para Lisboa, numa noite onde se juntam, no mesmo espaço, mulheres, copos de vinho e muita conversa. "Não, não nos vamos lamentar da vida de solteira ou casada e o evento não é exclusivo a quem não está numa relação", avisa Cláudia. A ideia é conhecer pessoas novas, conversar e falar sobre relacionamentos, sexo e da vida no geral.
A entrada para o evento custa 10€ (já com vinhos e snacks), mas há uma forma de fazer desta participação algo regular. Cláudia criou dois tipos de subscrição: a mais básica dá acesso a todos os eventos, permite usar o espaço para trabalhar e custa 25€. A mais completa inclui tudo isso e ainda o uso do material como microfones e máquinas de video e fotografia. Custa 35€.
A sede deste clube fica na Travessa da Conceição à Lapa, 11, em Lisboa, e para participar nos eventos basta enviar um mail para info@gcrew.life ou uma mensagem no Instagram.