Kim Kardashian na parede, em fundo cor-de-rosa. Parece não ter nada vestido, se bem que a imagem só mostra até à zona do peito. É lá que vemos também um colar colorido, que, com um olhar mais atento, notamos que é real. A obra é da artista plástica muito ligada à pop art, Rueffa, uma das que neste momento expõe no Unobvious Lab, o laboratório de ideias que abriu portas no início de julho em Santos, frente às traseiras do Museu Nacional de Arte Antiga. Do outro lado deste loft com 230 metros quadrados, vemos, assinado pela mesma, um quadro com Freddie Mercury. Está ao lado de dez gravuras, desta vez do brasileiro Eduardo Eloy.

Na decoração, é difícil encontrarem-se peças iguais. A quantidade, variedade e estética das cadeiras chamam-nos logo à atenção. Apesar da falta de heterogeneidade, condizem e dão caráter ao sítio. É como Tiago Silva Pereira, 41 anos, natural do Porto, diz: “A homogeneidade está na heterogeneidade.” Vindas de lojas de mobília tradicionais ou de outras dedicadas a velharias, as cadeiras e mesas onde os clientes se sentam podem dali sair e integrar as suas casas, porque quase tudo o que lá está, está para venda. Sim, este espaço também é uma loja de decoração.

A obra da artista Rueffa
A obra da artista Rueffa

O Unobvious Lab é isso: um espaço que não se limita a ser uma coisa só. Por isso, além de galeria (as obras estão à venda) e de loja de decoração, este loft de 230 metros quadrados tem ainda um co-work com 12 lugares que podem ser alugados diariamente (13€), semanalmente (60€) ou mensalmente (190€). Tem ainda o Con Gusto, um espaço que serve refeições ligeiras, snacks, brunch e bebidas, onde trabalham cinco pessoas. Na carta, pensada pela chef brasileira Camila Martins, pode encontrar tostas, tapiocas, tapas, saladas, sopas, sobremesas, sumos naturais, smoothies ou ainda chás biológicos — sem esquecer os vinhos ou os espumantes. A tudo isto somam-se ainda um serviço de vinhos e uma sala maior, que está a ser desenvolvida para poder vir a ser alugada.

Apesar de ter aberto há pouco tempo, a ideia de criar um espaço que é vários não vem de hoje. Já vinha a fermentar na cabeça de Tiago, desde o tempo em que abriu a sua empresa de consultoria, a Unobvious Solutions, em 2013. “Surgiu de forma muito orgânica”, conta. “Sempre quis um conceito que não fosse óbvio, que não fosse limitado, que não fosse só uma coisa.”

Mas foi agora, com o lançamento das scooters elétricas WYSE Mobility, a nova solução de mobilidade urbana sustentável que acaba de disponibilizar no mercado, que decidiu pôr em prática aquilo que já lhe ia no imaginário. Na busca pelo espaço, encontrou este em Santos e quis rentabilizá-lo o máximo possível.

O Unobvious Lab também é uma loja de decoração — a mobília em que se senta está, quase toda, à venda
O Unobvious Lab também é uma loja de decoração — a mobília em que se senta está, quase toda, à venda

"Quando encontrei este espaço, entre outros que fui vendo, quis dar-lhe o máximo de vida possível, e explorá-lo o mais possível, de uma forma que não o limitasse, a não ser nas suas limitações físicas de área — mesmo assim, quis contorná-las de outra forma, gerando ideias que pudessem viver aqui, mas fora daqui. As âncoras são a Wise e este local para brunch and drinks."

Vai ser possível andar de trotinete elétrica com o passe Lisboa Viva
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As scooters elétricas que trocam poupança de CO2 por

Morada: Rua das Janelas Verdes, 128 C | 1200-690 Lisboa

Horário: todos os dias, 9h30 às 20h30

Contacto: 211 913 542

É no Unobvious Lab que fica a oficina da WYSE Mobility, o novo serviço criado por Tiago Silva Pereira de scooters elétricas partilhadas. Tem uma frota de 260 veículos, aquela que, desde o início de junho, tem vindo a ser distribuída por vários pontos de Lisboa, desde a Baixa, Amoreiras, Campo Grande, Santa Apolónia, Belém.

O modo de funcionamento já é familiar para quem gosta de optar por estes tipo de mobilidade: basta descarregar a app, inserir os dados, associar a uma conta e ver no mapa os veículos disponíveis.

"O objetivo não é estar só em Lisboa. Queremos ir para fora e Lisboa e depois para fora de Portugal”, conta o proprietário, que acrescenta que os veículos utilizam a tecnologia mobi.me — também utilizadas pelas as trotinetes elétricas Circ (antigs Flash) — desenvolvida pelo CEIIA um centro português de inovação, investigação e desenvolvimento de produto, parceiro da nova marca de scooters, para o qual Tiago presta serviços de consultoria.

Comida, scooters elétricas ou galeria de arte. Este laboratório de ideias tem de tudo
Comida, scooters elétricas ou galeria de arte. Este laboratório de ideias tem de tudo

O que é que distingue este serviço dos outros que oferecem uma solução sustentável de mobilidade? “Oferecemos um programa de fidelização, em que a base é a pegada ecológica. Ou seja, as poupanças de emissões de CO2 que geramos pelo facto de estarmos a viajar em veículos não poluentes, podem ser capitalizadas em benefícios, seja na nossa própria plataforma, convertendo em minutos gratuitos para usar, seja, de uma forma mais transversal, para usar noutros operadores de mobilidade e até em retalhistas de bens e serviços, podendo converter a pegada ecológica em moeda transacional”, explica.

“O programa está em curso desde o primeiro dia. A poupança é feita em função da distância percorrida pelo utilizador. Em breve, vamos começar a enviar emails a informá-lo sobre isto. Aí, perguntamos-lhe se quer converter esta poupança em pacotes de minutos para utilizar na WYSE, que podem ser transmissíveis a outras pessoas.”

Tudo isto é possível graças ao CEIIA, um centro português de inovação, investigação e desenvolvimento de produto, parceiro da nova marca de scooters, que disponibiliza a tecnologia Mobi.me, que, por sua vez, incorpora a plataforma AYR, a tal que permite "capitalizar poupanças de C02 em créditos, depois transacionáveis.”

É a estreia desta possibilidade no universo português das scooters sustentáveis, explica Tiago Silva Pereira, mas não na da mobilidade urbana ecológica — a tecnologia já está nas trotinetes Circ, as que antes davam pelo nome de Flash.

"O objetivo é mesmo ser transacionado dentro de um conjunto de parceiros, que tenderá a crescer, dentro e fora de Portugal”, explica. “O CEIIA já tem uma pegada internacional forte: está muito presente na América, principalmente no Brasil, mas já está a crescer nos Estados Unidos também. Na Europa está também em vários países, sendo que está também em negociações com a China e outros países do extremo oriente”, conta, acrescentando: “Com ele podemos alavancar muito a chegada a vários cantos do mundo, que também é onde pretendemos estar.”