Nem todos os doentes infetados pela COVID-19 precisam de ser internados, até porque, de acordo com a Direcção-Geral da Saúde (DGS) 80% dos casos positivos apresentam apenas sintomas leves: febre, tosse, dores no corpo, rinorreia (pingo no nariz).

Nestes casos, em que o quadro clinico é estável e ligeiro, os doentes podem ficar em isolamento no domicílio, até que os dois testes negativos consecutivos provem que a pessoa ficou curada.

Entre estes dois momentos, há que tomar algumas precauções, tendo em conta o perigo de contágio caso o doente viva com alguém e ainda as ferramentas essenciais para acalmar a sintomatologia. É que, até agora, segundo a DGS, o tratamento é dirigido sempre "aos sinais e sintomas que os doentes apresentam."

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Mas como é que isso se faz? O que é que é necessário termos connosco em casa antes mesmo de sermos contaminados pela infeção? Foi isso que a MAGG foi perceber junto de Ana Isabel Pedroso, especialista em Medicina Interna — a especializar-se também em Medicina Intensiva.

1. Termómetro

"O termómetro é fundamental", diz Ana Isabel Pedroso. "Permite medir a febre, que é um dos indicadores da doença."

De acordo com as recomendações da DGS, pessoas infetadas ou suspeitas de estarem infetadas com a COVID-19 devem medir a temperatura duas vezes por dia.

Talvez seja boa ideia comprar mais do que um, sobretudo se coabitar com alguém. Essa pessoa também precisará de medir frequentemente a temperatura e não pode haver troca de termómetros.

2. Medicamentos

"Os medicamentos são aqueles que tratam os sintomas", diz a médica. Não há muito que saber: é ter paracetamol por perto porque, por ser um analgésico antipirético, baixa a febre e alivia as consequentes dores no corpo — deve ser tomado de oito em oito horas (dose indicada para um adulto com peso normal).

No caso de não poder tomar, pode optar por metamizol ou por aspirina, outras soluções analgésicas antipiréticas. O primeiro deve ser tomado de 12 em 12 horas, o segundo de oito em oito.

Ana Isabel Pedroso aconselha ainda descongestionantes nasais, caso seja necessário. E alerta para a importância de doentes crónicos terem por perto os seus medicamentos, como é o caso da bomba de asma para os asmáticos, dentro do prazo de validade.

3. E para a tosse seca?

Pois, nós sabemos que é do mais irritante e desconfortável que há. Mas não há muito a favor. É que a especialista explica que a tosse seca é "uma defesa do corpo", um reflexo do organismo que tenta expulsar alguma coisa que não era suposto lá estar. E, por isso, prefere não receitar nada. "Sou mais a favor de um chá de gengibre e limão."

Por isso, já sabe, na próxima corrida ao supermercado, faça por ter estes dois ingredientes: gengibre e limão.

4. Para assoar

Pois que também convém ter material para se poder assoar e por isso — caso o papel higiénico não seja suficiente — é bom comprar lenços ou uma caixa de kleenex. E, muito importante, só usar uma vez cada um — ou seja, a cada assoadela, é mandar o papel para o lixo

"A ideia é nada que funcione para mais vezes. Deve usar-se uma vez e descartar", explica.

5. Máscara, luvas, detergentes  

A acrobacia dentro de uma casa com uma pessoa infetada onde vivam outras, passa a ser substancialmente maior e há acessórios fundamentais a adquirir para que se evite o contágio ao máximo.

Comecemos pela máscara. Uma pessoa infetada com a COVID-19 que coabite com outra pessoa deve, não só fazer a sua vida confinada numa parte da casa, como deve, explica a médica, usar máscara sempre tenha de ir a outras divisões, como a cozinha ou a casa de banho. O doente não deve usar luvas, contrariamente a quem vive consigo.

As superfícies destas divisões e o local onde está a pessoa contaminada pela COVID-19 devem limpas pelo mesmo (de outra forma, os coabitantes devem equipar-se com luvas, máscara, bata impermeável ou avental de plástico), portanto convém que haja detergente líquido e lixívia por perto, assim como panos de limpeza em fartura, porque estes devem ser descartáveis e de uma só utilização.

Atenção, a DGS explica que não se deve utilizar o aspirador, porque põe "em movimento no ar as gotículas, nas quais o vírus pode estar contido e transforma-as em aerossóis", lê-se no documento com os "Procedimentos de prevenção, controlo e vigilância em hotéis."

Além disso, será necessário mais detergente para a roupa do que o normal: "Os pijamas devem ser lavados todos os dias", diz a médica.