A premissa destes novos testes era só uma: avaliar casos suspeitos de infeção por COVID-19 e conhecer um diagnóstico definitivo num tempo médio de 15 minutos. Numa altura em que é imperativo que o número de testes aumente para se conhecer o número real de infeções por país, Espanha encomendou cerca de 340 mil à empresa chinesa Bioeasy, sediada em Shenzen. Problema? Nenhum dos testes funciona corretamente.

A informação foi avançada esta quinta-feira, 26 de março, pelo jornal espanhol "El País", que cita um dos especialistas responsáveis por ensaiar os testes em laboratório. Em anonimato, a fonte explica que os 340 mil testes que foram pedidos não têm a capacidade de "detetar os casos positivos como seria de esperar".

A explicação é simples: é que estes testes têm uma sensibilidade de cerca de 30% ao vírus quando o valor normal deveria ser sempre superior a 80%, segundo a mesma fonte.

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Em termos práticos, isto traduz-se num aumento significativo da percentagem de testes com um resultado falso negativo. Outro dos especialistas que esteve falou como "El País" referiu que, "com um valor tão baixo de resultados positivos, não é possível utilizar estes testes" nestas condições.

Numa altura em que o governo de Pedro Sánchez esperava que os testes rápidos pudessem dar um valor real do número de contágios no país, o grupo de investigadores do Instituto de Saúde Carlos III, tutelado pelo Ministério da Saúde espanhol e onde as provas foram ensaiadas, recomenda agora que seja privilegiado o atual método diagnóstico.

Neste método, o vírus é detetado através da recolha de amostras recolhidas através de um tubo inserido no nariz ou na boca do paciente. O resultado desse diagnóstico demora cerca de quatro horas a ser conhecido.

A notícia surge uma semana depois de, em Portugal, o Governo de António Costa ter anunciado que iria proceder à compra de cerca de 80 mil testes rápidos à China para o diagnóstico de COVID-19. Ainda não há confirmação oficial por parte do Executivo sobre se os testes serão comprados à empresa Bioeasy — responsável pela produção dos que não funcionaram em Espanha.