A série policial "Dexter" terá sido a inspiração de Maria e Mariana, as duas amigas detidas e acusadas do homicídio e mutilação de Diogo Gonçalves, um crime ocorrido no Algarve e que está a chocar o País. De acordo com o que admitiram perante o juiz, as raparigas serão também namoradas, e o interesse que Maria fez crescer em Diogo era, afinal, apenas uma forma de o atrair para um crime que estaria premeditado.

Foi na passada sexta-feira, 3 de abril, que Portugal ficou a conhecer o assassinato macabro de Diogo Gonçalves, 21 anos, que foi morto e desmembrado no Algarve. Maria Malveiro, 19 anos, e Mariana Fonseca, 23, serão as responsáveis pelo crime — já o admitiram perante o juiz — e há novos detalhes sobre o que aconteceu.

Anteriormente, uma fonte policial, citada pelo semanário "Expresso", referiu que uma das raparigas era amiga de Diogo, técnico de informática, e soube que ele recebera "uma avultada quantia financeira", devido à morte da mãe em 2016 vítima de atropelamento, que rondaria os 70 mil euros, acrescenta o "Correio da Manhã".

Esta terça-feira, 7 de abril, o "Jornal de Notícias" revela que para planear o furto, homicídio e profanação de cadáver — crimes de que são suspeitas — Maria e Mariana inspiraram-se na série policial "Dexter", de acordo com as confissões que fizeram à PJ e ao juiz do Tribunal de Portimão.

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O mesmo jornal descreve que os depoimentos foram feitos com frieza e com uma única preocupação: "Que o amor de ambas não fosse separado pela prisão". Isto porque, de acordo com o que terão assumido no tribunal, Maria, segurança, e Mariana, enfermeira, já eram namoradas.

As provas recolhidas pela polícia apontaram para um envolvimento emocional de Diogo, que estaria interessado em Maria. O que ele não sabia é que Maria e Mariana estavam apaixonadas e planeavam matar Diogo para lhe roubar os 70 mil euros que ele recebera de indemnização pela morte da mãe por atropelamento.

O "JN" revela ainda que Diogo conheceu Maria no hotel onde trabalhavam e dava-lhe prendas para conquistá-la. Maria seria então o isco do plano das duas namoradas, tal como aconteceu a 20 de março: combinaram um encontro em casa de Diogo, em Algoz, enquanto a namorada e cúmplice, Mariana, esperava no carro.

As raparigas levaram navalha, fita adesiva, abraçadeiras, sacos do lixo e ainda "Diazepam" (calmante), diluído em sumo de laranja, para drogar Diogo e dar início ao crime. Maria prometeu uma dança sensual, pretexto para conseguir sentar e amarrar Diogo a uma cadeira.

Já sob domínio da situação, Mariana entra na casa e ainda que Diogo tenha tentado soltar-se foi-lhe aplicado um golpe "mata-leão" por Maria, continua a descrever o jornal, até que a outra rapariga lhe apertou o pescoço e Diogo perdeu os sinais vitais.

A partir deste momento, decorreram então os acontecimentos mais impressionantes: cortaram-lhe o polegar, o indicador da mão direita (para conseguirem desbloquear os telemóveis através das impressões digitais), colocaram o corpo no porta-bagagens, regressaram para Lagos, e foram dormir.

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O "JN" descreve ainda que Maria queria aplicar mais um golpe que viu na série "Dexter" — arrancar-lhe os dentes para dificultar o reconhecimento — mas não conseguiu.

Depois dessa noite as jovens continuaram o crime, cortando as mãos, antebraços, pés e cabeça, sendo que algumas das partes foram colocadas no carro de Diogo, que abandonam em Lagos a 22 de março. Dois dias depois deixaram as restantes partes do corpo em Tavira. 

Durante este período, até à detenção a 2 de abril, conseguiram fazer transferências, levantamentos e pagamentos, no valor de cerca de 2 mil euros, para a conta de ambas.