Paula Nabais, empresária e escritora, acusa o dentista João Espírito Santo, conhecido de programas da TVI, de agressão num procedimento clínico. A MAGG falou com a ex-mulher do famoso advogado João Nabais, que explicou o que terá acontecido e revelou que já apresentou uma queixa-crime contra o médico, e recebeu uma declaração do especialista.

A empresária e escritora conheceu João Espírito Santo “através de um amigo comum”, dado que estava no Porto e tinha “partido uma coroa de um dente mesmo à frente”. A empresária confessa ter sido “recebida muito gentilmente no seu gabinete no dia 4 de novembro” do ano passado, “num sábado às 8h30 da manhã, na clínica dele na Foz”, a Medical Art Center.

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Ao analisar a sua situação, o dentista terá dito que “nem poderia fazer nenhum procedimento estético porque era perigoso”, dado que Paula tinha “já uma parte da gengiva a necrosar”, tinha “um quisto” e um “processo infecioso”, que poderia levá-la a sofrer uma “septicemia e morrer”. Como tal, o médico afirmou que a empresária “tinha de ir para o bloco operatório com urgência”, salientou Paula Nabais à MAGG.

“Logo nesse momento, ele contactou o hospital à minha frente, no sentido de arranjar um horário para ser possível o meu internamento”, contou, referindo que não recebe anestesias locais e, como tal, é “sempre obrigada a ir para bloco operatório”.

Na segunda-feira, 6 de novembro, Paula foi internada e operada no Hospital da Ordem da Lapa para “retirar os dentes superiores todos”, dado que, “de acordo com os exames”, como um TAC e uma radiografia, a sua situação era “muito grave”. “O ter de tirar os dentes todos era uma coisa que eu sabia que no meu horizonte iria acontecer. Eu já tinha feito o mesmo na parte inferior da boca. Portanto, eu sabia que mais tarde ou mais cedo teria de fazer isso”, diz.

A solução foi a colocação de implantes e Paula ficou com uma “placa provisória que estava aparafusada a esses implantes”, com a qual iria ficar durante “quatro a seis meses”. “Todos os meses é necessário higienizar e o médico vai acompanhando se o corpo está a cicatrizar bem”, explicou, acrescentando que “acontece às vezes haver a rejeição de implantes”.

Nas consultas seguintes a esse procedimento, o médico “olhava para o exame”, falava com Paula e marcava a consulta do mês seguinte. Quando estivesse cicatrizado, a placa provisória seria retirada e “aí sim iam colocar os dentinhos todos de forma definitiva”.

Após o procedimento do dia 6 de novembro, cujo “pós-operatório foi muito complicado”, tendo feito várias rondas de antibiótico, Paula teve “duas consultas em pós-operatório” com João Espírito Santo. “A primeira consulta de rotina foi em dezembro. Eu sou fumadora e ele ralhou comigo, dizendo: ‘Paula, atenção, tente fumar o menos possível’”, contou.

No final de janeiro teria outra consulta, mas faltou por não poder ir ao Porto nesse dia. “Era sempre uma dificuldade falar com ele, ele via as mensagens e não respondia ou então estava afónico, não conseguia falar e dizia para escrever. Eu já estava muito desagradada com o acompanhamento, mas não me queixei disso”, referiu, acrescentando que “o único dia possível para ser atendida era no dia 12 de fevereiro às 9 horas”.

A 9 de fevereiro, uma sexta-feira, a placa provisória que Paula tinha “desencaixou”. “É isto que me leva de urgência à clínica do Dr. João Espírito Santo no sábado de manhã [10 de fevereiro]. Numa troca de mensagens, ele disse-me: ‘dirija-se amanhã à clínica, porque eu não estarei lá, mas alguém vai solucionar o problema e nós encontramo-nos segunda-feira’”, adiantou.

A alegada agressão aconteceu no dia 10 de fevereiro deste ano. “Eu chego à clínica e passado uma hora e tal sou chamada para fazer uma radiografia. Qual não é o meu espanto, ele que me tinha dito que não estaria na clínica, quando o vejo passar. (...) Fiz a radiografia, levaram-me para um gabinete e entra o Dr. João Espírito Santo ao telemóvel, bastante alterado, diga-se de passagem, porque ele teria os 100 anos de um familiar. Aliás, ele teve o bom gosto de me dizer isso várias vezes”, atirou.

"A partir daqui, foi um conjunto de circunstâncias absolutamente alucinantes", diz Paula Nabais. “Eu estive em Gaza durante duas horas. Aquele senhor, sabedor que eu não recebia anestesias locais, diz-me aos gritos que eu vou ficar sem dentes, vai à sala de espera e diz ao meu marido para se ir embora porque a clínica ia fechar e eu ia dormir durante duas horas”, explicou.

“Fui torturada até perder os sentidos, porque ele arrancou-me implantes da boca a sangue-frio. Quando perdi os sentidos, ele se calhar não tirou a licenciatura e devem-lhe ter dito que uma das formas de acordar alguém inanimado é regar-lhe os olhos com álcool. Portanto, eu acordei aos gritos com os olhos a arder com álcool. Ele gritava para mim, a dizer que quem sabia o que era dores era ele, que se eu não me sabia comportar que não saísse de casa, que ele era bom médico e que eu é que era uma porcaria de paciente”, relatou.

Paula conta que “foi uma hora e tal de tortura”. “Até me custa muito relatar o que ele me foi fazendo ao longo desse tempo”, garante. A empresária adianta que, no gabinete, também estava presente a “assistente” do médico, que estava “desesperada sem saber mais o que fazer”.

“Há um momento em que eu digo que não aguento mais aos gritos e ele: ‘então, se não aguenta mais, acabou. Vai sem dentes'. Ele vem e cose-me”, relatou à MAGG, acrescentando que depois deste episódio passou “nove dias em casa confinada sem dentes”.

“Se para introduzir [os implantes] no meu corpo tem de me dar anestesia geral, como é que para arrancar não tem de dar anestesia geral? Ele espetava-me até ao céu da boca com anestesia, mas tinha a informação de que eu não recebo anestesias locais, porque não me pegam, não agarram. Portanto, ele nunca podia ter feito aquele procedimento em ambulatório, nunca. Ele tinha de ter feito comigo o que fez em novembro: levar-me para o hospital”, refletiu.

Paula, atualmente, é seguida por uma equipa multidisciplinar do Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, que lhe disseram que “ainda terá meses pela frente até voltar a ter a boca como era suposto”. “O adjetivo que os médicos utilizam para descrever a minha gengiva é uma chacina”, partilhou.

Paula Nabais revelou que apresentou uma “queixa-crime” contra o médico João Espírito Santo e que “também vai participar na Ordem dos Médicos”. A MAGG tentou falar com Sérgio Nabais, advogado que a empresária afirmou estar com o caso, mas não obteve uma resposta.

João Espírito Santo nega as acusações

O dentista João Espírito Santo não respondeu às questões diretas da MAGG, optando por enviar uma declaração. “A verdade é: a notícia veiculada é falsa, o que relata [Paula Nabais] não corresponde de todo ao ocorrido. A pessoa em causa, sempre que precisou de cuidados médicos, foi atendida. Este atendimento foi sempre realizado em segurança, respeitando as normas e protocolos de boas práticas clínicas e de atendimento. Mais: o paciente é sempre informado previamente e é sempre colhido o seu assentimento depois de esclarecido. No caso, este ato, está formalmente exarado”, começou por dizer.

“Efetivamente, o que aconteceu na consulta de urgência de 10/2/2024, foi na observância dos atos médicos, mostrando-se a pessoa em questão sempre consciente e cooperante. Finda a intervenção, foi realizar exames de diagnóstico complementar, findo o qual ocorreu reunião no consultório já com o marido para definir a continuação do tratamento. Em verdade, a pedido médico, esteve marcada para janeiro uma consulta de acompanhamento, que só pela pessoa em questão ter faltado não ocorreu”, continuou.

“Só após 12 dias dessa falta é que contactou a clínica e foi agendada uma consulta de caráter de urgência, que se realizou em menos de 12 horas. Todos os atos realizados, reitera-se, foram realizados em segurança, respeitando as normas e protocolos de boas práticas clínicas e de atendimento. Os serviços prestados encontram-se por liquidar. O signatário já efetuou a competente participação criminal. Até ao momento, não obstante de prejuízos causados, não houve qualquer notificação pelas entidades competentes para prestar os supostos esclarecimentos. É surpreendente como a comunicação social foi utilizada como instrumento para superar o que deve ser feito pelas instâncias competentes”, concluiu.