O que une Nathalie Hellmons, Margarida Romana e Maria Carreira? Numa frase, isto: o facto de serem mulheres, mães, responsáveis de marcas conceituadas em Portugal e de conciliarem a sua vida pessoal com a profissional com o objetivo de fazer crescer o seu projeto.

Por isso, quando lhes perguntamos o que é que, em termos práticos, mudou nas suas vidas quando assumiram o compromisso de estar à frente de negócios de grandes dimensões, falam com propriedade. "Ganhei resiliência", diz à MAGG Nathalie Hellmons, responsável e porta-voz da marca Boa Bao, que depois de vários anos ligada ao design de jóias, mudou-se para Portugal juntamente com o marido para lançar este projeto.

"Quando lançamos um negócio, há tantas coisas que esperamos que se concretizem, mas que, depois, não acontecem. Há tantas pequenas desilusões que é importante ter um plano A, B, C e D. Se não nos adaptarmos, não vai resultar", continua.

Nathalie Hellmons, do Boa Bao

Apesar disso, não tem dúvidas: é importante que qualquer pessoa que se lance num projeto destes se divirta. "Lançar um negócio obriga-nos a estar 24 horas a pensar nele. Consome muito tempo, por isso é importante que haja diversão ao longo do processo para que tudo corra bem. É essencial rodearmo-nos de pessoas que se divirtam connosco a trabalhar", diz.

Maria Carreira, diretora Global de Relações Públicas e Marketing d'O Melhor Croissant da Minha Rua, partilha da mesma opinião.

Até lançar a marca em parceria com o marido, André Cidade, Maria Carreira contou histórias na Biblioteca Municipal de Sesimbra enquanto animadora cultural. Oito anos depois de ter mudado de percurso profissional, olha para trás e, tal como Hellmons, também fala no tempo que deixa de haver "para a vida".

"É preciso muito amor pelo projeto para percebermos que esse tempo, que deixamos de ter, compensa. É preciso gostar muito do que se faz para isto tudo fazer sentido", diz. É que estes projetos, explica-nos, "passam a ser o centro das atenções", mesmo quando Maria Carreira e o marido estão em casa ou até durante o fim de semana.

"Em casa, acaba por ser este projeto a estar à frente. Se houver alguma coisa de que este negócio precise, nós estamos lá", continua, independentemente da hora ou da altura do dia.

Mulheres. Mães. Empreendedoras

Tempo é a palavra de ordem — o que se deixa de ter ou, melhor dizendo, aquele que passa a estar quase todo dedicado a um negócio, às ideias e a novas estratégias para o rentabilizar. Mas como é que tudo isso se concilia com a maternidade?

"A base de tudo é a organização", afirma Margarida Romana, que começou no restaurante SOI Asian Street Food, do Grupo Sushi Café, em 2017, enquanto chefe de sala e que agora gere. Margarida Romana foi mãe em 2019, um ano depois de ter assumido a gerência do espaço e aprendeu a ser multifacetada. "No final do dia, e em casa, preparo tudo o que é necessário para o dia seguinte do meu filho. No trabalho, vou preparando o dia seguinte no dia anterior para que nada falhe", explica.

Quando lhe perguntamos se ter sido mãe a tornou numa pessoa mais empática, a resposta sai-lhe sem grandes cerimónias: "Ganhamos uma paciência que não sabíamos ter e pensamos mais no outro."

Margarida Romana, do SOI Asian Street Food

Mas o equilíbrio entre dois campos — o profissional e o pessoal, especialmente quando se tem filhos — depende muito de encontrar novas estratégias para dinâmicas familiares. Quem o diz é Maria Carreira, d'O Melhor Croissant da Minha Rua.

"Marido, filhos, mulher, negócio... está tudo dentro da mesma bolha. No nosso caso é inevitável. Mas isso também torna a experiência mais divertida. Há alturas em que, lá em casa, quando eu e o meu marido estamos ao telefone, os nosso filhos estão a brincar aos supermercados e perguntam: 'Alguém quer um croissant?'. Este contexto é engraçado", conta.

Nas suas palavras, e partindo da sua experiência, a receita para o sucesso familiar passa por "arranjar estratégias divertidas para estar com os filhos e não sentir o peso da responsabilidade do trabalho". É por isso que, muitas das vezes, quando Maria Carreira e o marido têm de ir às várias lojas da marca, tendem a levar os filhos e brincam com eles ao longo de todo o processo.

Atualmente, os filhos de Nathalie Hellmons, responsável e porta-voz da marca Boa Bao, já estão na idade adulta, por isso, quando se lançou neste novo projeto não teve de encontrar um equilíbrio. Mas no passado, quando ainda eram crianças, sim.

"Cada mãe tem de tentar encontrar o seu equilíbrio", adianta a empreendedora. "Quando se tem um negócio, queremos estar 100% focados nele. Mas quando somos mães, também queremos estar inteiramente dedicadas aos nossos filhos. É importante ter uma rede de apoio — que pode ser o nosso parceiro ou a nossa família — e atividades extra-curriculares depois da escola com os miúdos, mas cada mãe tem de encontrar o seu equilíbrio para que não se sinta culpada por dar menos atenção aos filhos ou ao negócio", explica Hellmons.

Atualmente, Nathalie Hellmons tem mais de 140 pessoas envolvidas na marca Boa Bao e desse número, muitas são mulheres e mães. Ter passado pela maternidade, diz-nos, tornou-a mais empática. Até porque os problemas destas mães que trabalham consigo também já foram os seus.

"Ser mãe significa ter de lidar com situações em que os nossos filhos ficam doentes. Agora, muitas das mães que trabalham comigo passam pelo mesmo e tentamos encontrar soluções que funcionem para os dois lados — o que não é tão difícil assim porque se for uma tarefa que possa ser feita em casa, esse colega pode ficar a trabalhar remotamente e dar atenção ao filho doente."

Os desafios da pandemia e a maravilha do delivery

Mas se encontrar um equilíbrio entre a vida familiar e a profissional é um desafio, há outros. E a pandemia mostrou isso mesmo a todo o setor da restauração em Portugal e no mundo — um dos mais afetados pelos efeitos da COVID-19.

O regime de delivery (ou de entrega em casa) era, antes da COVID-19, difícil de concretizar para o Boa Bao porque "não havia capacidade de resposta" a todos os pedidos.

Mas assim que a pandemia atingiu Portugal, foi dado o passo em frente de experimentar uma nova estratégia e começar a aceitar pedidos através da Glovo. "Não esperávamos, mas [entrar na Glovo] foi um grande sucesso e, por isso, tornou-se lógico criar uma outra cozinha que ficasse responsável apenas pelos pedidos de delivery feitos na Glovo", diz Nathalie Hellmons.

Essa mudança, explica, deu uma grande exposição ao seu negócio. "Conheço pessoas que nunca foram aos nossos restaurantes, mas são clientes leais através do delivery na Glovo. Ajudou-nos bastante e uma das coisas que mais gosto na empresa é que, sempre e que precisamos, eles estão lá para nos ajudar, mesmo que o nosso pedido de ajuda surja fora de horas".

Menos estranho ao formato de vender comida para fora era o SOI. "Nós já tínhamos take away através do próprio restaurante, mas com a pandemia foi um cruzamento [entre o SOI e a Glovo] que teve que ser", explica Margarida Romana, responsável do SOI Asian Street Food.

Maria Carreira, d'O Melhor Croissant da Minha Rua

Nas suas palavras, o delivery através da Glovo permitiu ao negócio "conquistar clientes" que não existiam devido à pandemia. "Muita gente não conhecia o SOI, mas como estávamos todos em casa, tivemos muita muita publicidade e muito marketing envolvido e ganhámos muitos clientes" que passaram a ter acesso à carta do SOI através de uma app e com entrega, em segurança, feita em casa.

Maria Carreira, d'O Melhor Croissant da Minha Rua, também atribui "um peso gigante" ao delivery durante a pandemia. Na verdade, foi durante todo esse período que a marca mais lojas abriu em Portugal. "Durante as primeiras vagas [da COVID-19 e já após os primeiros confinamentos], as pessoas evitavam muito os ajuntamentos e as filas e passaram a usar muito o delivery", recorda, o que terá influenciado o crescimento do negócio.

Mas a sua proximidade com a Glovo já existia desde a fundação da marca, quando só existia a loja de Sesimbra que não tinha espaço para albergar, no seu interior, a quantidade de pessoas que a procurava pelos deliciosos croissants.

"Foi inevitável. A nossa loja era um cantinho, ainda é, e o negócio teve de se preparar porque tínhamos filas intermináveis à porta e pouco espaço no interior para todas as pessoas", recorda Maria Carreira, que fala no cruzamento com a Glovo como o trajeto natural da marca.

"A Glovo apareceu muito facilmente no projeto O Melhor Croissant da Minha Rua porque o modelo de negócio puxava muito por aí."

As coisas MAGGníficas da vida!

Siga a MAGG nas redes sociais.

Não é o MAGG, é a MAGG.

Siga a MAGG nas redes sociais.