
“Finalmente, voltamos a feirar juntos! Está de volta a Feira da Luz”, anunciou, em comunicado, a junta de freguesia de Carnide, no dia 13 de julho, animando todos os feirantes que já aguardavam há muito esta novidade. Depois de dois anos suspensa devido à pandemia covid-19, o Largo da Luz, no coração da freguesia lisboeta, vai estar aberto ao público até ao dia 25 de setembro e traz muitas novidades.
Junto à igreja da Nossa Senhora da Luz, padroeira da freguesia, encontramos comerciantes de artesanato, plantas, bijuteria feita à mão, calçado, roupa e até mesmo plantas medicinais. Se for de barriga vazia não se preocupe: também há comida e bebida, petiscos de Viseu e de Mirandela, farturas e algodão doce, e ainda pode passar no restaurante do Carlos Simões para comer uma maravilhosa sopa da pedra. Para os mais pequenos? Insufláveis gigantes do “Spongebob” – dentro e fora de água – e aperte bem o cinto às crianças porque também há carrinhos de choque e carrosséis.
A música também é um elemento importante na Feira da Luz, cujas origens remontam ao século XV. Os concertos ao ar livre, com entrada gratuita, têm como cabeças de cartaz Ivo Lucas e os HMB, a 2 e 3 de setembro, Matay, no dia 10 de setembro e Agir, que vai encerrar o último dia da feira. O cartaz inclui também outros grandes nomes no mundo da música, como os Kumpania Algazarra (9 setembro), Jorge Guerreiro e Gisela João (16 e 17 de setembro), Rosinha e Rita Guerra (23 e 24 de setembro).
Fomos descobrir as histórias de algumas bancas da Feira da Luz.
As antiguidades e Velharias de Viriato Neves
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Sim, é mesmo verdade. Há velharias e antiguidades pelo jardim da Luz. Quem as trouxe? Viriato Neves e a mulher, Adélia Neves. Montaram alicerces nas Caldas da Rainha, mas percorrem as feiras do país para mostrar as suas velharias. A última foi em Tavira, mas na Feira da Luz marcam pela diferença.
“Eu se pudesse marcava um bocadinho mais, mas não posso trazer tudo…”, confessa sorridente, Viriato Neves. Mas o que trouxe já atraiu (e muito) o público: uma arca congeladora da Coca-Cola que remonta aos tempos de ditadura, quando ainda era proibida a existência do produto em Portugal. “Primeiro estranha-se, depois entranha-se” foi a famosa frase criada pelo poeta português, Fernando Pessoa – quando a Coca-Cola começou as suas primeiras operações no país em 1927 – e ao público, Viriato Neves ainda acrescenta mais história: “esta arca veio das ex-colónias quando ainda Salazar não tinha interditado a sua venda na metrópole”.
No entanto, não é só a arca que faz furor na banca de Viriato: ao som de Bárbara Tinoco, Viriato liga o seu aparelho de rádio de 1920 – com direito a gira-discos na parte superior – e anima quem visita a feira.
Das Farturas do Duarte às Farturas do Alentejo: quais são as melhores?
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“Tem de ir ali às farturas Duarte, são as melhores da feira!”, diz, em voz alta, Marco Costa, fundador e pasteleiro da pastelaria Receitas com Segredo. E fomos. Na banca, encontramos João e Ermelinda que, com os seus sorrisos de orelha a orelha, atendem o público com as suas famosas farturas. Já estão habituados – há 40 anos que marcam presença na Feira da Luz. O segredo do sabor delicioso destas farturas? Segundo Duarte, o fundador da banca, o negócio é da família da mãe e já “vai buscar validade aos mais antigos''. "Somos quatro irmãos, eu já faço farturas com as minhas próprias mãos desde os 12 anos. Nascemos disto”, explica Duarte.
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Mas não são os únicos a gerar grandes filas no Jardim da Luz. As Farturas Gonçalves – que costumam vender os seus doces à porta do Centro Comercial Colombo – também são famosas e os clientes “já são fixos e muitos antigos”. Vieram de Portalegre e o negócio vem de geração em geração. “Ele acabou a escola e decidiu que o que queria fazer era isto. Seguir o caminho dos pais”, revela a mulher de Hugo Gonçalves, Alice.
Competição direta pelas melhores farturas? Duarte diz que sim: “Há competição. Já nos chateámos porque me roubaram o lugar e eu já cá estou há 40 anos, mas agora está tudo bem”. Já Alice afirma que “não há competição nenhuma”. Uma coisa é certa: as duas bancas têm filas de longa espera, seja por um delicioso churro de Kinder ou pela clássica fartura com açúcar e canela.
Assim, ainda não é desta que as noites de verão animadas terminam (e ainda bem). Junte a família, dance ao som de grandes artistas e venha com apetite para uma boa fartura (e, não se esqueça, traga os mais pequenos).
Espreite a galeria e conheça alguns dos feirantes e espaços da Feira da Luz
* Reportagem de Ana Barros