Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, está ainda a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP, esta quarta-feira, dia 17 de maio. João Galamba vai ser ouvido esta quinta-feira, dia 18 de maio, no mesmo âmbito.

Este processo surgiu devido à polémica da reunião com a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, e a situação teve uma larga cobertura mediática devido ao secretismo sobre a reunião e inconsistências entre as versões de João Galamba, Frederico Pinheiro e António Costa.

Aqui estão reunidas oito das declarações mais impactantes que Frederico Pinheiro deu durante a sua audição, enquanto explicava a sua perspetiva do sucedido.

1. “Fui ameaçado pelo SIS”

"Fui contactado pelo agente do SIS por um telefonema, que me solicitou a morada. Eu questionei, incrédulo, se não sabiam onde eu morava, e ele disse que tinha de ser eu a dizer", contou Frederico Pinheiro. A chamada aconteceu para a recuperação do computador que o inquirido tinha levado para casa. No dia seguinte, foi abordado por um agente da Polícia Judiciária, que alega ter-se demonstrado surpreendido por já ter entregue "o computador ao SIS".

2. “O objetivo do Governo era a intimidação e ameaça a um cidadão sem qualquer poder político”

Esta afirmação de Frederico Pinheiro refere-se à "desinformação" que acusou o Governo de criar sobre o próprio, e em referência também às tentativas de o afastarem do cargo, desprovido dos registos físicos e digitais que foi criando ao longo dos anos em que foi adjunto do ministro das Infraestruturas. Esta situação inclui o relato que fez sobre a equipa de informática do ministério ter eliminado todo o seu arquivo de mensagens no Whatsapp sem o seu consentimento.

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3. “Sou o agredido e não o agressor, e tenho o relatório médico para comprovar”

O inquirido depôs que, não só não agrediu ninguém (como foi acusado de fazer), como ainda se viu obrigado a agir em legítima defesa perante quatro pessoas que estariam a tentar recuperar o computador, na sua mochila. Acrescentou ainda que foi visto por um médico e que conseguiria comprovar as lesões que resultaram do confronto.

4. “Trancaram-me dentro do edifício” e “liguei à PSP para por fim ao meu sequestro”

Na sequência da citação anterior, Frederico Pinheiro explicou que foi impedido de abandonar o edifício e que foi o próprio que ligou à polícia para pedir ajuda.

5. “O ministro das Infraestruturas ameaçou-me fisicamente”

Frederico Pinheiro relata que João Galamba teria ligado no dia 26 de abril para o despedir. “Algo que viola os meus padrões. Dirigiu-se a mim em termos absolutamente impróprios”, adiciona. Quando estaria prestes a ser exonerado por chamada telefónica, o mesmo confirmou que foi alvo de uma ameaça por parte do ministro, neste caso física.

6. “Fui alvo de uma campanha montada pela poderosa máquina do Governo”

Frederico Pinheiro fez, ao longo do depoimento, várias referências à dinâmica de poder nesta situação. Ou seja, o inquirido descreve-se como apenas um cidadão que estava a cumprir o seu trabalho, em comparação com o Governo e João Galamba e António Costa, que têm, na sua descrição, grande poder político.

7. “Não permitirei que destruam o meu bom nome”

No seguimento das acusações feitas pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Infraestruturas, o ex-adjunto deixou claro que não iria desistir de “defender a verdade”, por uma questão de dignidade e honra. Esclareceu, no entanto, que não procura um “ajuste de contas”.

8. “Nas últimas três semanas fui alvo de um tratamento público insultuoso, difamatório e deplorável”

Frederico Pinheiro deu ênfase à difamação que sente que o ministro das Infraestruturas e o primeiro-ministro levaram a cabo ao longo do último mês, enquanto prestavam declarações a afirmar que o ex-adjunto teria roubado um computador do Ministério e usado força física para o efeito. O inquirido nesta audição insiste que parece “evidente a existência de um padrão de omissões e contradições”. “Se havia alguém a querer esconder factos, não era eu”, conclui.