O Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, assumiu que a bebé que morreu ao oitavo mês de gestação, tendo o parto sido realizado apenas quatro dias depois, tinha malformações no rosto. O feto apresentava “lábio leporino e fenda palatina”, contudo a família nunca foi informada pela unidade hospitalar.

“Nós sabemos que os problemas no rosto não foram a causa da morte, mas queremos saber se havia outras malformações que a nossa Eva [nome que iria ser dado à bebé] tinha”, disseram os pais, Tânia Pinto e Luís Pinto, ao “Correio da Manhã”. Apenas no momento do parto foram detetados os problemas morfológicos que resultaram de uma falha no desenvolvimento do feto.

Hospital manda grávida com feto morto para casa por não terem vaga para o parto
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“Estas malformações por si só não causam a morte, o problema é que estas alterações congénitas estão muitas vezes associadas a outras, essas sim mais graves, e que podem comprometer a sobrevivência do feto, ou eventualmente do bebé, nos casos em que a gravidez vai até ao fim. Outros problemas associados e não detetados podem ter sido a causa da morte”, explicou o médico Rui Nogueira à mesma fonte, acrescentando que quando as malformações têm um tamanho considerável podem ser “detetadas ainda durante a gravidez”.

O relatório da unidade hospitalar descreve as malformações que o feto apresentava no rosto, mas até então não havia nenhum documento oficial, como ecografias, que as relatasse. “Fiquei revoltado ao ler aquilo. Não detetaram as malformações, que eram grandes, e limitaram-se a dar-nos aquele papel onde esse problema já é mencionado. Mas não falaram connosco, não nos ligaram a assumir o erro, nada”, diz Luís Pinto.

Além disso, a família também quer perceber o motivo que levou a que o processo de indução de parto não tenha começado no dia em que o pai e a mãe regressaram a casa após o hospital alegar “falta de vaga para realizar o procedimento”. A família considera “desumano” o facto de a mãe da bebé tê-la carregado morta na barriga durante quatro dias. O caso está a ser “investigado pelas entidades competentes”, segundo relata o próprio hospital.