No passado mês de maio, 19, as redes sociais comoveram-se com o comunicado que Fanny Rodrigues partilhou no Instagram sobre a gravidez da irmã, que tinha sido interrompida aos seis meses, fazendo com os bebés, os gémeos Enzell e Delman, não tivessem sobrevivido.

A publicação, que estava em francês, mostrava as seguintes palavras: "mesmo que os vossos pequenos pés nunca tenham chegado a tocar a terra, vocês deixaram uma marca aqui em baixo... e por todo o lado".

Três meses depois, Carina Rodrigues falou pela primeira vez sobre o momento mais trágico da sua vida. A irmã de Fanny esteve no "Dois às 10" a convite de Maria Botelho Moniz e Cláudio Ramos.

A jovem começa por explica que a gravidez não foi planeada. “Foi aquele susto, do género ‘tenho 20 anos, o que é que vou fazer?’”, conta a irmã da repórter do "Somos Portugal". Ainda assim, toda a família se mostrou compreensiva e ansiosa pela chegada dos gémeos.

No entanto, apesar de outros sustos que havia tido anteriormente (como as suspeitas de que um dos seus filhos podia ter síndrome de Down), foi aos seis meses de gestação que o pior aconteceu.

Ao queixar-se de dores de costas e inchaço nas pernas, Carina fez uma ecografia cujo resultado mostrava que um dos bebés fazia pressão no rim direito, causando problemas no sistema urinário. Por isso, para prevenir uma infeção urinária (que, em casos extremos, pode pôr em risco a gravidez), a jovem começou a tomar antibióticos.

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"Foi no dia 3 de maio que foi detetada no meu xixi a bactéria que matou os meus filhos", revela a jovem. Após 10 dias, começou a sentir um incómodo que dizia ser semelhante às dores menstruais –  e, numa gravidez, "não pode haver isso", acrescenta.

Com a ajuda da madrinha, foi para o hospital e, ao chegar, relembra o que disse aos enfermeiros. “Esqueçam-se de mim, eu não existo. Eles é que são o futuro, eu já não sou nada”, revela, frisando que o importante, naquela situação, seria salvar os seus filhos a todo o custo.

Já com nove centímetros de dilatação, os médicos avisaram-na de que estava em trabalho de parto, mas que o melhor seria salvar apenas um dos bebés. "Não havia outra hipótese sem ser salvar os dois", enfatiza Carina. Mas isso não aconteceu. Nasceu o primeiro gémeo, Enzell, com quem a jovem teve oportunidade de estar durante 18 minutos. “Disse-lhe que ele ia ter uma vida excelente cá fora, mas com certeza ia ter uma melhor lá em cima”, relembra as últimas palavras que o filho terá ouvido.

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Na esperança de que iria conseguir, pelo menos, continuar com a gestação de Delman, Carina acabou por se prejudicar – não comia, estava desidratada e sofria com febres altas em silêncio. Isto porque sabia que, se denunciasse o seu estado de saúde às equipas médicas, também o seu segundo filho não iria sobreviver – e o namorado, Giovanni Miranda, não permitiu que a jovem negligenciasse o seu próprio bem-estar.

Assim, no dia 15 de maio, Carina Rodrigues teve o segundo filho, enquanto estava anestesiada. Delman acabou, tal como o irmão, por ficar com a mãe durante 18 minutos. "Foi ele [Enzell, o irmão] que lhe deu força", acredita a irmã de Fanny Rodrigues.

Quase três meses depois, são muitas as questões em que Carina ainda pensa. “De quem é a culpa? Sou eu? Porque a casa deles não estava segura o suficiente? E a casa deles sou eu", afirma, comovida. No entanto, de uma coisa tem a certeza: "A gravidez era um plano de Deus. E, se eles foram embora, é porque Deus também o quis”.