Ivo Lucas prestou declarações no Tribunal de Santarém esta terça-feira, 24 de outubro, no dia em que começou o julgamento do acidente que levou à morte de Sara Carreira. O artista, que namorava com a cantora à data do acidente e que conduzia o carro em que ambos seguiam, não conseguiu conter as lágrimas ao recordar o que aconteceu.

“Eu e a Sara fomos ao Porto tratar da marca de roupa [Éssê by Sara Carreira], e nesse dia a única pessoa que tinha possibilidade de ir com ela era eu”, começou por dizer sobre o dia 5 de dezembro de 2020, data em que Sara Carreira morreu, vítima de acidente de viação na A1, perto de Santarém, aos 21 anos.

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“Saímos de casa por volta da hora do almoço, estivemos com a dona Fernanda e com o Mickael em casa”, continuou. “Fomos buscar peças de roupa da marca que a Sara estava a preparar. No armazém houve algumas trocas de produtos, mas arrumámos as coisas e viemos para Lisboa”, disse.

Ao recordar que pararam numa área de serviço durante a viagem, porque a Sara “gostava muito de comer canja nos dias de frio”, Ivo Lucas começou a chorar. O cantor revela que não tinham “pressa em chegar” ao destino e que iam “a fazer a viagem tranquilos”, revela o "Correio da Manhã".

“Eu dirijo-me à Sara, porque eu estava a fazer uma personagem e era a nossa forma de falar, eu digo que a amo muito e que tenho muita sorte de a ter na minha vida”, contou Ivo. “E ela diz-me 'e eu a ti'”, continuou.

O cantor descreveu o momento do acidente, dizendo que Sara gritou “cuidado” e que viu “um vulto”, só que este já “estava demasiado próximo”. “E a única memória que eu tenho é de estar no meio da autoestrada com o braço partido, sem t-shirt e sem saber onde estava e sem saber da Sara”, recordou, acrescentando que se lembra de olhar para o seu braço e vê-lo “desfigurado” e “sem perceber o que se estava a passar”, “se era um sonho”.

“É tudo muito rápido, todas as memórias que tenho são flashes. Senti muita pressão na cabeça, não sei explicar, é uma sensação de montanha-russa”, descreveu. “Começo a ouvir uma voz a chamar-me e a pedir-me para ir para ao pé dela, foi uma senhora que me pediu para sentar no carro dela que estava aberto”, explicou.

“Eu lembro-me que lhe contei que vi ali o meu melhor amigo que morreu quando tínhamos 17 anos. Não percebi o que se estava a passar e eu perguntava pela Sara e ela pediu-me para ter calma”, continuou Ivo. “Um senhor também aparece e pede-me para ter calma. E aparece outra senhora a dizer é a filha do Tony”, acrescentou.

Ivo Lucas contou também que “a ideia era a Sara ir para casa jantar com a mãe na Charneca da Caparica”, depois iriam treinar no ginásio que tinham feito em casa e que iriam “passar o fim de semana com uns amigos a Salvaterra [de Magos]”.

A advogada de Cristina Branco questionou Ivo Lucas se estaria “distraído” por estar a ter “uma conversa amorosa e bonita” com Sara. “Com o devido respeito, eu e a Sara sempre fomos muito apaixonados e eu perco a conta das viagens que fizemos juntos comigo ao volante. Isso não é, a meu ver, relevante para algo que tenha acontecido”, respondeu o cantor, acrescentando que estavam a ter “uma conversa normal”.

Ivo Lucas está acusado de homicídio por negligência na forma grosseira, já que conduzia “desatento e em excesso de velocidade” e arrisca uma pena até cinco anos de cadeia.