Um jornalista do "Expresso" foi agredido esta terça-feira, 16 de janeiro. Tudo aconteceu durante um evento organizado por associações de estudantes da Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, no âmbito de um ciclo de debates com líderes partidários, e o líder do Chega, André Ventura, também estava presente. A universidade já reagiu.

Mas vamos por partes. Na conferência, André Ventura iria discursar e responder a perguntas dos estudantes, tendo sido previamente comunicado à imprensa pela assessoria do seu partido que não seriam permitidas câmaras dentro do auditório, devido às próprias indicações da Universidade – o mesmo, contudo, não se aplicava à presença de jornalistas, avança o "Expresso".

Segundo a mesma publicação, o jornalista foi autorizado a entrar por duas jovens, que se encontravam junto à porta principal do auditório, e lá conseguiu permanecer durante os primeiros 10 minutos da intervenção do líder do Chega. Até que foi abordado por um jovem, que o informou de que não poderia continuar naquele espaço.

A situação agravou-se, uma vez que o jornalista, que já se havia identificado, foi abordado por outros dois jovens. Estes agarraram-no pelos pés e pelos braços e forçaram-no a sair da conferência, algo que fez com que deixasse o seu equipamento profissional na sala.

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Uma vez fora daquele espaço, a intimidação continuou – e só parou quando um dos assessores de André Ventura interveio, algo que também culminou na devolução do equipamento do jornalista. Já Luc Mombito, segurança pessoal do líder do Chega, dirigiu-se de forma agressiva ao jornalista, continua o "Expresso", que acrescenta que este também terá sido demovido pelo assessor de imprensa do partido, que acompanhou o jornalista à saída.

No rescaldo do incidente, a UCP emitiu um comunicado e deixou patente o seu repúdio em relação a “qualquer tentativa de limitação do direito à informação e intimidação de jornalistas", lê-se na mesma publicação. Além disso, a instituição diz lamentar "profundamente" tudo o que aconteceu, acrescentando que repudia "a manipulação deliberada das normas de acesso ao evento pelo partido convidado".

A universidade aproveitou ainda para esclarecer que as "Conversas Parlamentares", iniciativa estudantil que serviu de gancho ao convite a André Ventura, têm como objetivo promover esclarecimentos sobre as propostas dos vários partidos "sob a forma de um debate livre e não uma organização dos partidos" – algo que é, remata a instituição, essencial "para o reforço da democracia, da qual faz parte intrínseca a defesa de uma imprensa livre, bem formada e esclarecida".

O "Expresso" também reagiu, dizendo que repudia igualmente "qualquer forma de coação e constrangimento ao trabalho jornalístico" e que tomará "as devidas ações" para "apurar responsabilidades". Nessa mesma nota, a direção da publicação também reiterou o "inequívoco apoio ao seu jornalista".