A mãe de Valentina, a menina que morreu depois de ser torturada pelo pai e pela madrasta, falou pela primeira vez. Sónia Fonseca deu uma entrevista à SIC Notícias onde revelou que a filha tratava a madrasta como uma “segunda mãe” e que nunca houve indícios de agressões por parte do pai. Acrescentou ainda que a menina vinha sempre “feliz” de casa do pai e que a última vez que falou com a menina foi no Dia da Mãe, poucos dias antes de Valentina morrer.
A última troca de palavras entre as duas aconteceu a 3 de maio, e as duas falaram ao telefone. Sónia Fonseca garante que estava tudo bem com a filha. “Ela disse-me assim ‘Adeus, beijinhos. Mãe, és uma chata, gosto muito de ti’. Foram as últimas palavras da minha menina”.
A mãe de Valentina recordou também como soube do desaparecimento da menina. Explicou que no dia 7 de maio, dia em que o pai de Valentina reportou o desaparecimento, tinha várias chamadas não atendidas de Márcia, a madrasta da menina, da GNR e da mãe. Foi a mulher de Sandro que lhe revelou que Valentina estava desaparecida. Tal como contou às autoridades, o pai da menina explicou a Sónia Fonseca que tinha visto a filha pela última vez à uma da manhã e que às oito da manhã a menina já não estava na cama e a “a porta estava entreaberta”.
“Disseram que trancaram a porta de casa na quarta-feira mas que se esqueceram da chave por dentro da porta. À GNR disseram que não tinham trancado a porta”, revelou Sónia, acrescentado que Sandro e Márcia pareciam “bastante preocupados”.
O desfecho do caso revelou-se fatal para Valentina cujo corpo foi descoberto três dias depois do alerta do seu desaparecimento. Foi encontrada na serra D’el Rei, em Peniche, coberta de arbustos. Sónia soube da morte da filha pela televisão. “Eu disse à minha tia que não era a minha filha ali, que a minha filha tinha que estar viva. Cheguei ao fim do beco onde mora a minha tia e caí no chão, sem forças”, recordou.
Sobre as violentas agressões de que a filha foi alvo, Sónia explica que nunca teve suspeitas do pai e madrasta da menina. Valentina e Sandro tinham uma boa relação com a criança, que até considerava Márcia como “uma segunda mãe”. “Ela vinha feliz do pai. Daí eu confiar nela que estava tudo bem”. Segundo a mãe, Valentina dizia muitas vezes: “Vou para a praia com o meu pai e a minha Márcia”.
“Nunca vi nada de anormal daquela menina que me levasse a suspeitar que ele fizesse o que fizesse”, revelou. “Eu penso e não sei, porque só ela é que mo poderia dizer, eu penso que foi alguma coisa que ela viu que se passou dentro da casa dele e ele com medo que ela dissesse [alguma coisa] calou-a. O porquê é a resposta que ainda me falta”.
O alegado desaparecimento de Valentina Fonseca foi dado a conhecer pelo pai da criança a 7 de maio. Três dias depois o corpo seria encontrado numa serra a poucos quilómetros da casa de Sandro e Márcia. O pai da menina confessou o crime às autoridades e explicou que se tratou de um acidente depois de pressionar a filhar para admitir que seria vítima de abusos sexuais.
A autópsia ao corpo da menina revelou agressões muito violentas, como lesões na cabeça e indícios de asfixia. Sabe-se que estas agressões começaram na casa de banho da parte da manhã, sendo a menina torturada com água a ferver. A criança terá ficado em agonia durante várias horas e acabou por morrer às 22 horas do mesmo dia.