"Portugueses, disse e repito hoje, temos de ganhar até à Páscoa o verão e o outono deste ano". O apelo é do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que falou aos portugueses esta quinta-feira, 25 de fevereiro, a propósito da aprovação do décimo segundo Estado de Emergência em Portugal, renovado por mais 15 dias para o período entre 2 e 16 de março. Isto significa que até à Páscoa, mesmo após o fim do Estado de Emergência, Marcelo considera que não se deve desconfinar.

"A Páscoa é um tempo arriscado para mensagens confusas ou contraditórias, como, por exemplo, a de abrir sem critério antes da Páscoa, para nela fechar logo a seguir, para voltar a abrir depois dela. Quem levaria a sério o rigor pascal?", diz o Presidente, que quer evitar que se repita na Páscoa o mesmo relaxamento do Natal que levou à subida exponencial de casos e à consequente sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde.

Restrições continuam e Marcelo sugere desconfinamento por fases
Restrições continuam e Marcelo sugere desconfinamento por fases
Ver artigo

Para deixar os portugueses já conscientes de que o confinamento vai durar e vigorar durante a celebração religiosa, Marcelo deixa um aviso e apelo. "É pois uma questão de prudência e de segurança manter a Páscoa como um marco essencial para a estratégia em curso", diz o Presidente da República, ciente de que isso pode levar a "mais mobilidade por saturação" e que implica "mais umas semanas de sacrifícios pesados".

Tal como já tinha sugerido no projeto de decreto do 12.º Estado de Emergência apresentado ao Parlamento — em que pediu que o Governo desenvolvesse "medidas de apoio às famílias, aos trabalhadores e empresas mais afetados" —, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a reforçar no discurso aos portugueses que estas medidas são essenciais para combater os efeitos negativos do prolongamento do confinamento.

Contudo, mostra que é preferível manter as pessoas em casa e dar apoios nesta fase e nas fases de desconfinamento, que já estão a ser preparadas pelo Governo, do que após a Páscoa voltar a aplicar restrições "multiplicadas por dois ou por três", acrescentou no discurso.

Quanto ao desconfinamento, Marcelo não deixou de dar essa esperança aos portugueses, mas destacou que ainda é apenas um plano e que as restrições são para continuar a cumprir. "Nunca se confunda estudar e planear com desconfinar. Sendo mais claro: planear o futuro é essencial, mas desconfinar a correr por causa dos números destes dias será tão tentador quanto leviano".

Para evitar que se repitam os números que colocaram Portugal entre os piores da Europa a lidar com esta terceira vaga de pandemia e as imagens de filas de ambulâncias à porta dos hospitais, o Presidente da República considera que é tempo de continuar em casa para não cometer os mesmos erros, mas deixa, no fim do discurso, uma mensagem animo. "Temos a esperança. A esperança, não, a certeza de que, se formos sensatos, o pior já passou".

A renovação do Estado de Emergência foi aprovada na Assembleia da República esta quinta-feira, 25, à tarde, com votos favoráveis do PS, PSD, CDS, PAN e da deputada não-inscrita Cristina Rodrigues. Agora, caberá ao Conselho de Ministros decretar as medidas que vão vigorar nos próximos 15 dias, embora já se saiba que não serão muito distintas das que já estão em vigor.