Foram várias as declarações para dispensa de máscara a pacientes sem indicação clínica passadas por Gabriel Branco, especialista neurorradiologia do hospital Egas Moniz, avança o jornal "Observador".

O médico, que já está a ser investigado pela Ordem dos Médicos, assume-se contra a utilização generalizada do equipamento de protecção pessoal, cuja utilização na via pública passou a ser obrigatória em outubro, para evitar a disseminação do vírus COVID-19.

A Direcção-Geral da Saúde explicou que estes atestados apenas poderiam ser emitidos em contextos muito específicos: poderiam ser dispensados da utilização de máscaras ou viseiras em locais obrigatórios doentes com problemas de saúde, como perturbações psíquicas, deficiências cognitivas, entre outras. Porém, o atestado teria sempre de ser passado por um médico da especialidade em questão.

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Sobre este aspeto, o médico garantiu ao mesmo jornal que 99,9% das declarações passadas descreviam sintomas relacionados com a sua área de especialização. Ainda assim, o "Observador" teve acesso a vários dos documentos em que o especialista dispensava o uso da máscara, justificando-o com problemas relacionados com a saúde mental ou pneumologia, ou seja, alheios à sua especialidade. Num só dia, chegou a passar cinco declarações.

Também a Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia já veio a público mostrar a sua posição: não concorda com a prática do especialista. Na Ordem dos Médicos, Gabriel Branco já foi alvo de, pelo menos, duas queixas.

Gabriel Branco é um dos fundadores do movimento Médicos pela Verdade, um movimento que defende estar a acontecer uma desproporção entre o mediatismo do fenómeno e a gravidade da COVID-19. "Não negamos que se trata de uma virose respiratória com repercussões pulmonares que podem ser muito graves nos pacientes com imunidade deprimida, doenças pré-existentes ou idade muito avançada. Porém, em caso algum, justifica o exagero dos meios de comunicação social que insistem em realçar constantemente números cumulativos que não correspondem à realidade actual e que só servem para alimentar o medo e o pânico na população", defendem.