A 26 de outubro, no seu habitual espaço de comentário na TVI, moderado por José Alberto Carvalho, Miguel Sousa Tavares expressou a sua opinião relativamente à vitória de Marina Machete, a primeira mulher transgénero a sagrar-se Miss Portugal. Depois de dizer que a não é uma "mulher, mulher" – e que "as mulheres saíram maltratadas deste concurso" –, o jornalista e escritor veio reagir ao que se tem dito.
Esta quinta-feira, dia 3 de novembro, durante o mesmo programa, Sandra Felgueiras questionou o comentador sobre a polémica. E ainda que Miguel Sousa Tavares tenha dito que, por estar alheio às redes sociais, não está totalmente a par da reação do público, que o considerou transfóbico e preconceituoso, frisou que não tem "nada a acrescentar, nem a retirar".
"Aquilo que eu disse, fundamentalmente, foram duas coisas: uma, que não acho legítimo que um transexual concorra a um concurso de beleza feminino, como não acho legítimo que concorra a provas desportivas femininas porque vicia as regras do jogo, é batota", começa por dizer, ilustrando o argumento com recurso a um exemplo e rematando "há regras do jogo para tudo".
"Depois disse outra coisa: que não acreditava que não houvesse concorrentes mais bonitas a concurso e que, portanto, acreditava que ela tinha ganhado não por ser a mais bonita, mas por ser transexual", continuou, acrescentando que "isso é que é uma coisa mais ampla e mais grave".
No entanto, o escritor diz que sempre protegeu minorias. "Não ponho em causa de maneira nenhuma que as minorias devam ser protegidas e sempre o fiz", sublinhou, acabando por frisar que foi "publicamente a primeira pessoa a defender na TVI (...) os casamentos homossexuais, muito antes de ser aprovado por lei na Assembleia". "Protejo o direito a cada um de ter a sua orientação sexual", acrescentou.
No final da reação à polémica, Miguel Sousa Tavares, dizendo que voltou para a TVI para defender "o contraditório" no seu espaço de comentário, conclui: "Não nos devemos vergar a uma espécie de tendência que se não for enfrentada acaba em ditadura das minorias sobre as maiorias".
Marina Machete já está em El Salvador para Miss Universo
Marina Machete foi a primeira mulher transgénero a sagrar-se Miss Portugal. A cerimónia aconteceu a 5 de outubro, em Borba, no distrito de Évora, e gerou alguma polémica – mas a jovem de 28 anos, indiferente a polémicas, já está noutra e prepara-se para competir num concurso a nível internacional.
A 18 de novembro, a modelo irá representar Portugal no concurso Miss Universo. A competição acontece em El Salvador, na América Central, e estarão presentes representantes de 90 territórios.
Esta quinta-feira, 2 de novembro, Marina Machete recorreu às redes sociais para partilhar que já está no país em que o certame vai decorrer. A modelo mostrou um dos trajes que vai levar à competição, inspirado num "cartaz da implantação da República, em 1910", conta.
Além disso, a jovem acaba por frisar que esta data (5 de outubro) acarreta um simbolismo especial para si. "Por coincidência, foi nesse dia que fui coroada, 113 anos mais tarde, a 5 de outubro, simbolizando a libertação da nação para uma nova era", escreveu.
Quanto ao fato, foi confecionado em "um bocadinho menos do que uma semana, por artistas locais queer de Lisboa". "É tudo aquilo que eu sempre quis trazer para representar o povo resiliente e forte do meu País", concluiu a jovem na publicação de Instagram.