O Ministério Público abriu um inquérito à morte de Yasmin, de 8 anos, que ocorreu este sábado, 6 de julho, no Rali Vinho da Madeira 2022. A organização garante que as normas de segurança para a realização da prova foram cumpridas, mas os locais afirmam o contrário.

"Ouvimos dizer que o troço do rali que ia acontecer esta tarde poderia não acontecer devido exatamente às questões de segurança. Mas depois foi a tal coisa: não vimos nenhum comunicado oficial", diz uma fonte local à CNN Portugal.

Nas imagens divulgadas sobre o troço onde aconteceu o acidente, na zona da Encumeada, é possível ver que o local não tem qualquer vedação, permitindo assim a passagem de pessoas enquanto decorria a prova. Foi isso que aconteceu com a criança de 8 anos que atravessou a estrada no momento em que passava, a alta velocidade, o veículo do piloto português Miguel Gouveia, tendo a menor sido projetada vários metros.

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Segundo testemunhas, o que aconteceu com Vitória Yasmin poderia ter sucedido com qualquer outra pessoa que assistia à prova. "As pessoas atravessavam várias vezes. Andavam para cá e para lá", disse uma testemunha ao mesmo canal. "Nesta zona, do lado contrário, tinha de haver alguém ou algum gradeamento", defendeu.

E na verdade havia. No local estava um agente da PSP que já não foi a tempo de travar a situação, segundo o "Correio da Manhã". Sabe-se que os pais de Vitória Yasmin, que vivem no Estreito de Câmara de Lobos, tentaram passar para o outro lado da estrada com os dois filhos logo após um dos concorrentes passar no local, mas a criança de 8 anos terá ficado para trás. Foi então atingida pelo BMW do piloto Miguel Gouveia, que apareceu seis segundos depois do último carro, relata o "CM".

A organização da prova, que emitiu este sábado, 6, uma nota de pesar, garante que as normas foram cumpridas, destacando o facto de que, no momento do acidente, a estrada ainda não estava aberta, o público só podia assistir e ficar atrás das fitas brancas colocadas na berma e estava um agente da PSP no local, de acordo com a SIC Notícias. O "CM" avança ainda que no local havia avisos como "não atravesse a estrada durante as classificativas".

A investigação do Ministério Público vai agora averiguar se em causa está a responsabilidade ou negligência dos pais ou dos organizadores.

Apesar de a organização desresponsabilizar-se, o responsável pela organização da prova, Paulo Fontes, garantiu apoio psicológico à família e aos pilotos envolvidos no acidente. Já a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting aprontou-se a assegurar os custos das cerimónias fúnebres da criança, cujo óbito foi declarado no hospital Nélio Mendonça, no Funchal, horas depois do acidente.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também deixou uma mensagem de apoio à "família enlutada e amigos". "As suas sentidas condolências, neste penoso momento para toda a comunidade madeirense.", pode ler-se na nota publicada no site da Presidência da República.