A taxa de mortalidade materna atingiu os 20,1 óbitos por cada 100 mil nados-vivos em 2020, sendo este número mais alto registado nos últimos 38 anos. O valor elevado, que se traduz na morte de 17 mulheres, levou a Direção-Geral da Saúde (DGS) a criar uma comissão multidisciplinar para "estudar e acompanhar as mortes maternas”, escreve o "Jornal de Notícias".

É considerada mortalidade materna quando a morte acontece enquanto a mulher está grávida ou até 42 dias após o termo da gravidez, segundo o critério da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi aquilo que aconteceu com 17 mulheres em 2020 — oito durante a gravidez, uma durante o parto e oito no puerpério (fase de pós-parto). Outras duas mulheres morreram entre os 43 dias e um ano após o parto, sendo por isso consideradas mortes maternas tardias.

Destas 19 mortes, nove dizem respeito a mulheres na faixa etária entre os 35 e os 44 anos, oito entre os 25 e os 34 anos, uma na faixa etária dos 16 aos 24 e outra entre os 55 e os 64, segundo o mesmo jornal.

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A comissão que está a investigar os casos é composta por “peritos de várias áreas, nomeadamente obstetrícia, medicina interna, anestesiologia, entre outros", diz a DGS, e os processos serão alvo de um estudo complexo que implica a "recolha e análise de informação, através de inquérito epidemiológico de cada morte preenchido pelas várias unidades de saúde”, explicou a autoridade de saúde, citada pelo "Jornal de Notícias".

Comparativamente a 2019, a taxa de mortalidade materna passou de 10,4 óbitos por cada 100 mil nascimentos em 2019 para 20,1 óbitos em 2020, valores dispares e distantes do último valor mais elevado até hoje registado: 22,5 óbitos por cada 100 mil nascimentos em 1982, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) consultados pelo mesmo jornal.

A tendência não é nova e a OMS alerta para o facto de que a "mortalidade materna é inaceitavelmente alta". Só em 2017, cerca de 295 mil mulheres de todo o mundo morreram durante e após a gravidez.

Não há para já uma razão clara sobre a elevada mortalidade materna, mas o especialista que integra a Comissão de Acompanhamento da Mortalidade Materna, Diogo Ayres-de-Campos, levanta três hipóteses: a "degradação dos cuidados obstétricos", o aumento da idade das grávidas e o aumento das patologias, disse o jornal.