Num autocarro escoltado pela GNR, cerca de 30 trabalhadores imigrantes que viviam sem condições em habitações em Odemira, onde surgiram casos de COVID-19, foram levados durante esta madrugada, 6 de maio, para o complexo turístico Zmar para serem realojados, conforme foi requisitado pelo governo. Há ainda outros 21 trabalhadores que foram encaminhados para a pousada da juventude de Almograve.

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A chegada dos imigrantes ao empreendimento, acompanhados de um grupos de homens armados da GNR com cães, surpreendeu o proprietário que fala em "entrada à força" numa entrevista à TVI. "Já suspeitávamos que isto iria acontecer, que iria ser tentada a entrada no Zmar à força", disse António Marques, proprietário de habitação no Zmar. António assistiu à chegada dos trabalhadores e relata um cenário de aparato policial junto ao complexo turístico. "O portão e a vedação foram totalmente destruídos", disse.

Contudo, a GNR já veio esclarecer que a intervenção a pedido dos Serviços da Proteção Civil Municipal para garantir a segurança dos imigrantes decorreu "sem incidentes" e que agiram em conformidade com o despacho de requisição temporária do Zmar avançado pela Presidência do Conselho de Ministros e Administração Interna - Gabinetes do Primeiro-Ministro e do Ministro da Administração Interna.

"Por motivos de urgência e de interesse público e nacional daquele empreendimento, durante a madrugada de hoje, pelas 04h00, a Guarda apoiou a referida operação para garantir as condições de segurança no transporte dos cidadãos em apreço", esclareceu o comando da guarda em comunicado.

Os cerca de 30 trabalhadores transportados para o complexo turístico, com cerca de 80 hectares na freguesia de Longueira-Almograve, testaram negativo à COVID-19 antes de serem transportados, segundo uma fonte da Proteção Civil, de acordo com o "Jornal de Notícias" que cita a agência Lusa.

Perante a intervenção forçada da GNR durante a madrugada, o advogado Nuno da Silva Vieira, que representa 114 dos 160 proprietários de casas privadas do empreendimento, afirmou que "caíram por terra todas as expectativas da negociação", sendo que o governo propôs substituir a requisição civil por um acordo com os proprietários do Zmar.

Por essa mesma razão, não entende os acontecimentos desta madrugada. "Não consigo compreender que estejam a negociar comigo este acordo e, durante a noite, o ministério da Administração Interna rebenta com este diálogo", entrando no "Zmar à força bruta", disse à rádio Observador.