Este sábado, 16 de dezembro, Pedro Nuno Santos tornou-se, oficialmente, o sucessor de António Costa. No rescaldo da vitória, o novo secretário-geral do Partido Socialista (PS) deu a primeira entrevista, esta quarta-feira, 20, a Júlia Pinheiro, na SIC, após assumir a chefia do partido.

Entre retrospetivas e aspirações de carreira, bem como aspetos da sua vida familiar, Pedro Nuno Santos abordou um assunto sobre o qual nunca havia falado: a perda de peso. O líder do PS ficou visivelmente mais magro depois de deixar de ser ministro das Infraestruturas e da Habitação, em dezembro de 2022, altura em que se demitiu do cargo, fruto da polémica da indemnização de 500 mil euros recebida por Alexandra Reis, antiga administradora da TAP e secretária de estado do Tesouro.

Em conversa com a apresentadora, no programa da tarde da estação de Paço de Arcos, confessou que foi uma reviravolta na sua vida (e, claro está, na carreira também) que mexeu muito consigo. "Perdi muito peso, mais do que queria", explicou. "Foi um momento muito difícil e duro, não estava à espera", rematou Pedro Nuno Santos.

Júlia Pinheiro também questionou o secretário-geral do PS sobre se teria ficado zangado com o desenrolar daquela polémica, que culminou na sua demissão. "Não é zangado. Fiquei triste", confessou, acrescentando que não foi algo que o demovesse. "Mas a vida é isso. A vida é feita de momentos bons e menos bons", concluiu.

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Além disso, a conversa entre o par também se debruçou sobre o óbvio: o facto de Pedro Nuno Santos ter saído vitorioso das eleições internas do Partido Socialista, que foram levadas a cabo entre sexta-feira e sábado, 15 e 16 de dezembro, respetivamente, e nas quais ficou à frente de outros concorrentes à liderança, José Luís Carneiro e Daniel Adrião. E o pontapé de saída foi o discurso da vitória, que rendeu várias críticas ao sucessor de António Costa.

Um dos seus maiores críticos foi o secretário-geral do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, que aproveitou o jantar de Natal do partido para dizer aquilo que achou do discurso do adversário. "Também não basta só falar do País. É preciso dizer o que é que se quer fazer ao País", começou por dizer o líder do PSD, que acrescentou: "Espreme-se, espreme-se, espreme-se e não sai nada", segundo a RTP.

Pedro Nuno Santos é, oficialmente, o sucessor de António Costa. Quem é o atual líder do PS?
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Pedro Nuno Santos assume que, de facto, o seu discurso não foi brilhante e que o improvisou, dando ainda uma explicação. "Durante aqueles dois dias [15 e 16 de dezembro], o trabalho que estive a fazer foi acompanhar as eleições em todo o País. Quando se aproxima a hora de contar os votos, chega o momento, eu vou para a sede e é naquele momento que eu penso no que vou dizer", começa por dizer.

Garantindo que o mais importante era festejar a vitória junto dos militantes do PS e não fazer um discurso muito elaborado que falasse já em planos de futuro, admitiu, no entanto, que não se tratou de um ato impulsivo. "Há uma confusão no nosso País entre impulsividade e capacidade de decisão. Nós estamos habituados a que não se decida nada e, quando se decide, parece que houve um momento de impulso", explicou.

"Tenho consciência de que não foi espetacular, mas não era suposto. Era um momento de celebração da vitória", continuou o novo secretário-geral do PS, aproveitando para voltar a frisar que, embora estivesse ciente de que havia grande probabilidade de ganhar, o discurso era o ponto menos importante daquele momento.

"Eu sonhava com uma grande possibilidade de mudar o mundo"

Pedro Nuno Santos frisou que a vontade de se candidatar à liderança do partido "não nasceu no dia 7 [de novembro]", dia em que António Costa se demitiu do cargo de primeiro-ministro e da liderança do PS, no rescaldo de uma investigação no âmbito da Operação Influencer, onde estão em causa negócios relacionados com lítio e hidrogénio, e implicam vários crimes de prevaricação, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva e recebimento indevido de vantagens.

No entanto, agarrou a oportunidade que surgiu, que acrescenta ao seu currículo recheado – sobre o qual já lhe falámos ao pormenor –, tendo admitido a Júlia Pinheiro que, ainda que tenha iniciado a atividade política aos 14 anos, nunca pensou vir a ser uma figura política nacional de destaque.

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"Gostava de política, gostava de intervir, mas a possibilidade de ser um político nacional era uma coisa distante no meu horizonte", explicou o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, que aproveitou para deixar bem claro que, na altura, o seu único sonho "era intervir politicamente" de que forma fosse – algo que se traduziu, entre muitas coisas, nos movimentos anti-praxe e contra propinas em que esteve envolvido.

Estes foram princípios que estiveram sempre consigo desde tenra idade. "Desde miúdo que as profundas desigualdades com as quais eu convivia diariamente me faziam muita confusão. Eu sentia-me mal", explicou, acrescentando que foi isso que o tem movido até aos dias de hoje. "Quando era jovem, eu sonhava com uma grande possibilidade de mudar o mundo – e não a perdi", conclui.