Pedro Nuno Santos apresentou na tarde desta segunda-feira, 13 de novembro, a candidatura à liderança do Partido Socialista. O deputado segue-se a José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, que este sábado, 11, confirmou estar na corrida à liderança do PS.
No Largo do Rato, em Lisboa, local onde se encontra a sede do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos falou ao País. "É neste quadro [da demissão de António Costa] que aberto um processo eleitoral interno para a eleição dos órgãos do partido, eu apresento a minha candidatura a secretário-geral do PS. Os portugueses, tal como os militantes do PS, conhecem-me. Conhecem as minhas qualidades e os meus defeitos, conhecem o meu inconformismo e a minha combatividade, conhecem a minha vontade de fazer acontecer e os meus sucessos, conhecem mantém os meus erros e cicatrizes. Sim, os erros que cometemos e as cicatrizes que carregamos fazem parte das nossas vidas", anunciou.
Pedro Nuno Santos recordou as suas origens, "o pequeno concelho" de São João da Madeira, descentralizou o discurso. Falou sobre as indústrias que nasceram e entraram em crise naquela cidade do distrito de Aveiro, onde cresceu, e fez a ponta com a sua própria história. "Sou neto de sapateiro e filho de empresário", salientou.
As eleições para a sucessão de António Costa na liderança do PS estão marcadas para 15 e 16 de dezembro, simultaneamente com a eleição de delegados, e o congresso está previsto para os dias 6 e 7 de janeiro. A 10 de março de 2024 realizam-se as eleições legislativas antecipadas, marcadas pelo presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa após dissolver a Assembleia da República, na sequência da demissão de António Costa como primeiro-ministro anunciada a 7 de novembro.
Esta segunda-feira, 13, ficaram conhecidas as medidas de coação dos arguidos do caso Operação Influencer, que ficam todos em liberdade. O presidente da câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, Rui Oliveira Neves e Afonso Salema, da Start Campus, ficam com termo de identidade e residência, a medida mínima para qualquer arguido.
O ex-chefe do gabinete do primeiro-ministro Vítor Escária e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo do primeiro-ministro António Costa, terão de entregar o passaporte no prazo de 24 horas, ficando proibidos de se ausentarem do País. Lacerda Machado tem ainda de entregar uma caução de 150 mil euros. A empresa Start Campus, também arguida, é obrigada de, no prazo de 15 dias, a entregar uma caução de 600 mil euros.
João Galamba, ministro das Infraestruturas, apresentou esta segunda-feira a demissão a António Costa. "Comunico que apresentei hoje o pedido de demissão do cargo de ministro das Infraestruturas ao senhor primeiro-ministro. Apresentei este pedido de demissão após profunda reflexão pessoal e familiar, e por considerar que na minha qualidade de pai e de marido esta decisão é a única possível para assegurar à minha família a tranquilidade e discrição a que inequivocamente têm direito", disse.
"Em primeiro lugar quero transmitir que apresentei o meu pedido de demissão apesar de entender que não estavam esgotadas as condições políticas de que dispunha para o exercício das minhas funções", continuou, acrescentando que "este pedido de demissão não constitui uma assunção de responsabilidades quanto ao que pertence à esfera da Justiça e com esta não se confunde".
O juiz Nuno Dias Costa ouviu este domingo, 12, as alegações finais da defesa e do Ministério Público no Campus de Justiça, em Lisboa. O interrogatório aos cinco arguidos, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, Rui Oliveira Neves e Afonso Salema, da Start Campus, o ex-chefe do gabinete do primeiro-ministro Vítor Escária e o advogado Diogo Lacerda Machado, começou na quarta-feira, 8 de novembro. O ministro João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) Nuno Lacasta e João Tiago Silveira, sócio da Morais Leitão, também são arguidos, mas não foram detidos.
Este processo deve-se aos negócios relacionados com a exploração de lítio, em Vila Real, e hidrogénio, em Sines, que implicam crimes como prevaricação, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva e recebimento indevido de vantagens.
No que toca à Operação Influencer, o procurador do Ministério Público (MP) quer garantir que a Start Campus não continuará com a atividade criminosa. Como tal, pediu uma caução de 200 mil euros a Afonso Salema, CEO da empresa, e de 100 mil euros a Rui Oliveira Neves, segundo o “Expresso”. Ambos serão proibidos de viajar para o estrangeiro e, além disso, o MP ainda propôs a suspensão do mandato de Nuno Mascarenhas.
O MP reconheceu, também, uma falha na transcrição de uma escuta telefónica do caso, em que numa chamada telefónica entre Lacerda Machado e Afonso Salema dão a entender que o primeiro ia exercer influência junto de António Costa. Contudo, Lacerda Machado referia-se a António Costa Silva, ministro da Economia.
De São João da Madeira para o mundo: quem é Pedro Nuno Santos?
Pedro Nuno de Oliveira Santos, 46 anos, nasceu a 13 de abril de 1977 em São João da Madeira, e é economista e político português. Licenciou-se em Economia pelo ISEG, em Lisboa, foi secretário-geral da Juventude Socialista entre 2004 e 2008 e presidente da Federação de Aveiro do PS entre 2010 e 2018. Além disso, foi deputado à Assembleia da República na X e XII legislatura.
Pedro Nuno Santos foi secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares no primeiro governo de António Costa, de novembro de 2015 a fevereiro de 2019, e foi o responsável pela coordenação com os partidos que formaram a “geringonça” e que juntou o PS, PCP, BE e o PEV.
O político foi ainda ministro das Infraestruturas e da Habitação até dezembro de 2022. Depois de ter decidido sozinho anunciar a localização do novo aeroporto de Lisboa, acabou por se demitir na consequência da polémica da indemnização de 500 mil euros recebida por Alexandra Reis, administradora da TAP na altura.